Sobre essa questão dos viciados em drogas, a gente deve ver duas coisas. Existem os vícios físicos e os vícios mentais. As duas coisas se misturam como café e leite, mas café é café e leite leite. Alguns vícios são de origem química, são uma interferência química no metabolismo do corpo. Só podem ser curados se essa interferência fôr interrompida, e se os prejuízos biológicos que causou forem consertados. Tem que haver também um processo de recuperação psicológica, sem dúvida, mas a origem não é psicológica, é física. Sem interromper o que está acontecendo no corpo daquela pessoa é inútil argumentar com ela, dar-lhe lições de moral, implorar, explicar, convencer, apelar para seus bons sentimentos. O espírito humano pode ser profundo como o Universo e vasto como a Eternidade, mas o corpo humano, coitado, é frágil como um recém-nascido. Se você pegar o sujeito com maior energia espiritual do mundo e meter-lhe uma ampola de morfina, ele capota, não tem energia espiritual que dê jeito.
Mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Todo vício tem também o seu lado mental, o seu lado consciente. Caso exista um Demônio do Vício pairando de fato sobre a humanidade, procurando seduzi-la e corrompê-la, esse Demônio tem como objetivo maior o nosso corpo, e como ponto fraco, a ser atacado, o nosso espírito. Um vício começa por curiosidade, continua por causa do prazer, se fixa por obsessão, depois exige cada vez mais, até que todo belo dia o cara nem olha em volta, nem enxerga mais nada, enxerga apenas a sua necessidade constante e absoluta de mais; mais; mais. A bomba química foi detonada. O vício, pela janela aberta da mente, pulou para dentro daquele corpo.
Como não acredito em demônios ou em anjos, acho que tudo é apenas uma questão capitalista. “Há um produto que dá lucro, precisamos vendê-lo, precisamos acumular mais-valia, capital de giro, dividendos. Se esse produto faz com seres humanos o mesmo que o inseticida faz com o inseto, bem, compra quem quer, não é mesmo? Ninguém é obrigado. Vai outro aí, chefia?”
O momento para bloquear um vício é quando o vício ainda dá prazer. É naquela fase em que o corpo ainda não foi quimicamente conquistado, em que a próxima dose ainda depende de uma decisão consciente da vítima. É quando o viciado ainda tem aquele sorrisinho maroto de menino que vai ao banheiro com a “Playboy” escondida sob a camisa, ou do biriteiro que diz, “Porra, não bebi ontem, não bebi anteontem... tenho o direito de relaxar um pouco! Tô com crédito. Desce uma!”. Viciar-se é como saltar de um arranha-céu: no início, é uma decisão pessoal, depois é uma lei da física. É preciso interferir naquele momento em que o rosto do viciado ainda não é a máscara mortuária de si próprio, naquele momento em que lhe é possível dar um passo atrás, porque foi preciso uma decisão dele para dar um passo à frente rumo à próxima dose, com aquele sorrisinho safado de “Obááá! Lá vou eu de novo!”
Mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Todo vício tem também o seu lado mental, o seu lado consciente. Caso exista um Demônio do Vício pairando de fato sobre a humanidade, procurando seduzi-la e corrompê-la, esse Demônio tem como objetivo maior o nosso corpo, e como ponto fraco, a ser atacado, o nosso espírito. Um vício começa por curiosidade, continua por causa do prazer, se fixa por obsessão, depois exige cada vez mais, até que todo belo dia o cara nem olha em volta, nem enxerga mais nada, enxerga apenas a sua necessidade constante e absoluta de mais; mais; mais. A bomba química foi detonada. O vício, pela janela aberta da mente, pulou para dentro daquele corpo.
Como não acredito em demônios ou em anjos, acho que tudo é apenas uma questão capitalista. “Há um produto que dá lucro, precisamos vendê-lo, precisamos acumular mais-valia, capital de giro, dividendos. Se esse produto faz com seres humanos o mesmo que o inseticida faz com o inseto, bem, compra quem quer, não é mesmo? Ninguém é obrigado. Vai outro aí, chefia?”
O momento para bloquear um vício é quando o vício ainda dá prazer. É naquela fase em que o corpo ainda não foi quimicamente conquistado, em que a próxima dose ainda depende de uma decisão consciente da vítima. É quando o viciado ainda tem aquele sorrisinho maroto de menino que vai ao banheiro com a “Playboy” escondida sob a camisa, ou do biriteiro que diz, “Porra, não bebi ontem, não bebi anteontem... tenho o direito de relaxar um pouco! Tô com crédito. Desce uma!”. Viciar-se é como saltar de um arranha-céu: no início, é uma decisão pessoal, depois é uma lei da física. É preciso interferir naquele momento em que o rosto do viciado ainda não é a máscara mortuária de si próprio, naquele momento em que lhe é possível dar um passo atrás, porque foi preciso uma decisão dele para dar um passo à frente rumo à próxima dose, com aquele sorrisinho safado de “Obááá! Lá vou eu de novo!”
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