domingo, 31 de julho de 2016

4141) Nove cidades (31.7.2016)



(foto: "Kowloon", Greg Girard)

Nome: Simsim. População: 500. Descrição: A cidade-espelho orbital onde toda superfície e todo corpo 3D é reiterado ao infinito por nanossatélites reflectivos em movimento constante. Chamada por alguns velhos pilotos do anderespaço “o olho da mosca”. Referências na cultura popular: um ciclo fractal de canções, em forma de cânon, fazendo referências aos “oito milhões de histórias na cidade grande” e potencializando esse número a cada nova história contada.

Nome: Vão-da-Cabra. População: 20 mil. Descrição: Cidade incrustada nas galerias refrescantes da serra escarpada que acompanha um trecho calcinante do deserto. Uma temperatura que é um alívio no verão, e onde no inverno, trocando-se o roteamento dos canais de ventilação e canais exaustores, é possível ter algum conforto bem agasalhado. Num ecopacto que envolvia uns vinte mil seres, tem um sistema de galerias para os humanos, e três sistemas não misturados para diferentes animais domésticos.

Nome: Don Perenna. População: 18.500. Descrição: Vila de casas de adobe num rincão remoto da Espanha, onde ainda se cantam serestas com lutes, onde se cultivam as tradições do Bicho sem Cabeça e da Corrida da Falsa Fuga, onde a população vai para as ruas para improvisar o que irá fazer com prisioneiros subitamente liberados, que pensam que estão fugindo do cárcere.  Tem um alto índice de mortalidade em mesas de bar, tanto por consunção quanto por divergências.

Nome: Skylobrun. População: 11.000. Ilha flutuante e habitada, capaz de corrigir rota, acelerar ou retardar seu deslizamento pelas correntes marítimas. Periodicamente aporta aos continentes para abastecimento. Sua população, por motivos religiosos, é proibida de desembarcar.

Nome: Janka-Myurk. População: 150 mil. A cidade onde todos usam roupa igual, cabelo igual, onde as casas e as posses são de todos, onde cada um trabalha no que quer, dorme onde preferir, come onde tiver vontade. Todo mês chegam à cidade cerca de 50 mil novos habitantes, ardendo de esperanças, e vão embora outros 50 mil, abatidos pelo desespero.

Nome: Anamimbagk. População: 3.200. Aldeia situada em torno da cratera do vulcão Anamim. Todos moram em casas feitas de madeira que precisa ser cortada e trazida de muito longe. O vulcão tem erupções esporádicas em ciclos de dez anos, quando a cidade precisa ser reconstruída e reocupada. Os habitantes recusam-se a morar longe dali, pois veem no vulcão uma divindade que os protege o tempo todo e só de vez em quando se encoleriza.

Nome: Hin-Ker-Midhal. População: Dois milhões. Capital de um império próspero e poderoso. A cidade consta de oito círculos concêntricos sucessivos, sendo o palácio imperial o derradeiro deles. A passagem para cada círculo interno se dá apenas depois de minuciosas investigações sobre as atividades profissionais, a origem familiar e as opiniões políticas do candidato.

Nome: Ambrellis. População: 7 mil. Descrição: A cidade-aqueduto, onde todas as pessoas vivem à sombra de um aqueduto construído milhares de anos atrás por outra civilização. A construção com mais de vinte quilômetros de comprimento, fornece a única sombra possível no deserto de Khytian, o que faz os moradores transferirem suas tendas para a parte com maior extensão de sombra em cada estação do ano.

Nome: Burguenthal-te-Couan. População: 320.  Teve toda sua população dizimada pela guerra há mais de um século, e tornou-se uma cidade corredor-da-morte. Os habitantes atuais descendem todos de alguma das famílias exterminadas, e só eles têm direito de dormir na cidade. Pessoas de fora que durmam lá serão executadas. Para lá são mandados condenados à morte para passar sua última noite, e há casos de suicidas que ali se hospedam voluntariamente, numa média de três por ano.