domingo, 25 de outubro de 2020

4634) Dicionário Aldebarã XXI (25.10.2020)



 

(ilustração: Moebius)

O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.
 
“Lensipax”: situações sociais constrangedoras em que um indivíduo é envolvido por forças alheias à sua vontade, e quanto mais ele se esforça para afastar-se daquilo mais elementos aparecem para impedir que o faça.
 
“Pambifer”: variados tipos de sininhos metálicos, cada um deles com um som musical característico, que os cavaleiros penduram nos arreios e na sela de suas montarias, para que o resultado melódico possa ser ouvido de longe, identificando pelo som a pessoa que se aproxima.
 
“Langh-Mum”: a atitude de quem consegue, mesmo diante das piores situações, relativizar as desgraças ou os fracassos, e manter uma atitude de que aquilo é um fato a mais na vida e deve ser compreendido no contexto de todos os outros fatos. Vale também para os grandes triunfos e as grandes alegrias.
 
“Fimp-Soros”: copos largos com subdivisões verticais e canudos para sugar, onde duas ou mais bebidas refrescantes podem ser servidas lado a lado.
 
“Enternaks”: pequenas frases de saudação e de afeto que pessoas amigas dirigem umas às outras quando se encontram e se abraçam, sempre rimando com o nome da pessoa a quem se destinam. Exemplos: “Teriã, quero te ver hoje e amanhã!”, “Adumbrel, você é a luz do meu céu!”, etc.
 
“Loulens”: desenhos, com técnicas variadas e estilos pessoais, que algumas pessoas fazem no jardim ou no quintal indicando as posições relativas das sombras das árvores ao longo do dia e ao longo das estações do ano, para que esse movimento seja acompanhado e sirva como uma espécie de relógio de sol ou calendário solar.
 
“Ammun”: a alma imaginária de um objeto, que em momentos de bom-humor ou de impaciência alguém imagina ser uma criatura viva, e passa a dialogar com essa alma, pedindo-lhe que o objeto funcione direito, ou perguntando-lhe onde está uma outra parte dele; com o mesmo espírito brincalhão mas emocionalmente sério com que as pessoas se dirigem a alguns animais de estimação.
 
“Lekkli”: balcões compridos que as pessoas colocam na calçada, no jardim ou no quintal, e onde vão depositando objetos que não lhes servem mais (utensílios velhos, garrafas vazias, papéis, etc.) para que quem passa na rua possa recolher e dar novo uso.
 
“Tens-Famag”: diz-se daqueles casais, ou duplas de amigos, que convivem estreitamente e em harmonia, mesmo tendo temperamentos opostos: brigão x conciliador, festeiro x caseiro, preguiçoso x atarefado, caótico x metódico.
 
“Emyaran”: diz-se daquelas coincidências em que a casa alguém é visitada inesperadamente por duas pessoas que não sabiam da presença do outro visitante ali; quando as duas ainda não se conhecem, é tradição que esse encontro casual seja considerado um sinal de que formarão uma amizade sólida.
 
“Aljob-jib”: restaurantes experimentais onde os clientes pagam um preço fixo  antecipadamente, ficam de olhos vendados durante a refeição, e recebem pratos cuja composição desconhecem; podem ser os mesmos pratos para todos de uma mesa, ou pratos diferentes. A intenção é que os comensais procurem transmitir uns aos outros as sensações que cada comida e bebida lhes proporciona.
 
“Sankynerys”: cronograma especial de atividades domésticas (cozinha, limpeza, etc.) organizado em casas de família numerosas onde as pessoas trabalham e/ou estudam em turnos sucessivos do dia e da noite. Como essas atividades nunca coincidem para todos, a qualquer horário, até mesmo de madrugada, tem alguém chegando ou saindo, cozinhando ou fazendo refeições, etc.
 
“Kautizen”: tatuagens utilitárias (que podem ser removidas e substituídas, mesmo dando algum trabalho) onde as pessoas deixam registrados, para o caso de algum acidente ou imprevisto, seu nome, endereço, contatos, tudo que for necessário num momento em que estejam inconscientes e precisando de ajuda.