sexta-feira, 11 de julho de 2014

3548) 7x1 (11.7.2014)




A catastrófica derrota do Brasil para a Alemanha, na semifinal da Copa, foi um desses pesadelos que já tive inúmeras vezes na vida, sempre que nossa Seleção ia enfrentar um time bom e estava mal das pernas. Vinha o jogo, e acontecia uma surrazinha normal de 2x0 ou 3x1, que todo mundo lamentava e eu comemorava com alívio, pensando na hecatombe que tinha sonhado na véspera.  Mas é mania dos pesadelos baterem em tantas portas que um dia encontram uma que se abre. Foi assim com a porta deste 8 de julho. Paciência.

Parece que há um ciclo de dezesseis anos nos trazendo essas derrotas tão dolorosas. Começou com 1950 no Maracanã, 2x1 para o Uruguai (o jogo de Ghiggia).  Dezesseis anos depois, em 1966, tivemos os 3x1 para Portugal (o jogo de Eusébio). Com mais dezesseis, veio o 3x2 para a Itália em 1982 (o jogo de Paolo Rossi). Dezesseis anos depois, em 1998, veio a decisão dos 3x0 para a França (o jogo de Zidane). E com mais dezesseis, agora em 2014, veio essa histórica goleada alemã, e desta vez não houve um carrasco específico, o time quase todo fez gol. Vamos abrir o olho com a Copa de 2030, portanto.

O futebol é tão imprevisível que se o time de Felipão tivesse derrotado esta Alemanha de Joachim Löw não nos faltariam razões. Diríamos que Fulano e Sicrano confirmaram as boas atuações, que Beltrano desencantou, que os alemães suaram para empatar com Gana e vencer a Argélia... Nunca sabemos quando o time vai desencantar. Afinal, já houve tantas vezes em que vínhamos catando cavaco, ganhando mal de equipes pequenas, e de repente o sapo virou príncipe.,, Já fomos campeões assim. (Em 1994 e 2002, para ser mais preciso.)

Triste não é perder um jogo, é perder o próprio futebol.  O Brasil inventou o que os gringos chamam de “Beautiful Game”, exportou-o para Espanha, Alemanha, Holanda, e o trocou domesticamente pelo futebol truculento e retranqueiro de Felipão e Parreira. Até admiro as qualidades dos dois, que afinal de contas nos deram Copas, mas quando se juntaram agora parece que houve uma soma dos defeitos e um cancelamento das qualidades.  A Seleção de 2014, pelo meu gosto, jogou bem apenas no segundo tempo contra Camarões e no primeiro contra a Colômbia.

Foi uma Seleção violenta, quase desleal, que só ganhou da Colômbia criando um clima de pancadaria que acabou se voltando contra Neymar. Uma seleção militarizada, que entrava em campo com mãozinha no ombro, como cadetes sob o olhar do sargento. Uma seleção onde o marketing, os contratos publicitários, e a convivência com os vips (essa turma de sanguessugas do talento alheio) acabaram amordaçando o Jogo Bonito. Vamos em frente.  E, como sempre, que ganhe o que jogar melhor.