terça-feira, 10 de setembro de 2024

5100) O poeta Luís Buñuel (10.9.2024)



(Luis Buñuel, por Jean-Claude Carrière)
 

Luis Buñuel (1900-1983) foi o criador do cinema surrealista, antes mesmo de sua entrada no grupo liderado por André Breton. Costuma-se datar o início deste movimento em 1924, quando Breton publicou o primeiro Manifesto do Surrealismo. Em Paris, muitos poetas e artistas plásticos já punham em prática atitudes iconoclastas e provocativas assimiladas do grupo “Dada”, que atuou em Zurique após a I Guerra. 
 
Em Madrid, o jovem Buñuel entrou pra a universidade e ali fez alguns amigos que foram decisivos para sua vida e sua obra; entre eles, o poeta Garcia Lorca e o pintor Salvador Dali. 
 
Embora o cinema tenha sido seu meio de expressão, desde sua ida para Paris até sua morte com mais de 80 anos, Buñuel também escreveu bastante: contos, roteiros, artigos, poemas, crítica cinematográfica, elucubrações surrealistas. 



Sua poesia tem as imagens fortes e surpreendentes dos seus filmes; formalmente, não se distingue muito das maiorias dos poemas dos “cabeças” do Surrealismo, como o próprio Breton, Benjamin Péret, Paul Éluard, Louis Aragon, etc.  




Buñuel desdenha o verso rimado e metrificado, e, como a maioria destes poetas, prefere em geral o fluxo do verso livre e do verso branco (=sem rimas). É uma poesia que deixa em segundo plano a melodia e a cadência, e privilegia a imagem visual ou sensorial no sentido mais amplo, geralmente para produzir efeitos de choque, com a tática preferencial dos surrealistas – a justaposição inesperada, a imagem chocante ou surpreendente. 




Muitos dos seus textos em prosa, abolindo totalmente a forma do verso, da “linha quebrada”, nem por isto são menos poéticos, e a riqueza de suas imagens justifica considerá-los mais próximos da poesia que da prosa. O que era, aliás, uma característica do Surrealismo. Breton e seus camaradas desdenhavam na poesia a metrificação e a rima obrigatórias, e desdenhavam na prosa o enredo convencional, a descrição psicologizante dos personagens, a multiplicação de incidentes banais. 




O erotismo, a violência, a irreverência diante das figuras-símbolo da autoridade, eram sintomas da rebeldia juvenil do Surrealismo, um movimento apaixonadamente polêmico, que se propunha a revolucionar não somente a arte e a literatura, como a própria existência humana. 





Durante a década de 1920, o projeto de Buñuel era reunir os poemas que publicou em revistas e jornais de vanguarda na Espanha e publicá-los num livro que iria se intitular Um Cão Andaluz. O livro acabou não saindo; o título foi transposto para o filme que ele realizou com Dalí em 1928, e que abriu para ambos as portas do grupo surrealista. Já morando em Paris, Buñuel continuou a escrever, publicando vários textos nas revistas do movimento, La Révolution Surrealiste (1924-1929) e depois Le Surréalisme au Service de la Révolution (1930-1933). 


 

A versão original dos poemas aqui traduzidos pode ser encontrada neste link :

https://vomiteunconejito.wordpress.com/2020/02/13/poemas-de-luis-bunuel/