terça-feira, 14 de agosto de 2012

2949) O futebol olímpico (14.8.2012)




E mais uma vez a medalha de ouro olímpica passou quicando entre as pernas dos nossos craques do futebol e caiu no ralo do esgoto.  Esta, aliás, é uma metáfora de muito mau gosto, e muito mal educada. Na verdade, a medalha de ouro foi para um destino muito melhor: como acontece com as medalhas de ouro, foi para quem soube merecê-la e lutar por ela.  O Brasil, mais uma vez não soube. A derrota para o México no jogo final surpreendeu muita gente, menos eu. Nunca botei fé nessa seleção, a mais fraca que vi nas Olimpíadas mais recentes. Vi quatro dos jogos anteriores à decisão, e em momento algum senti firmeza. Um time que tem que se desdobrar para ganhar de 3x2 de uma Honduras com dez jogadores? Fala sério. Esse jogo tinha sido um alerta, mas o injusto e desproporcional 3x0 na Coréia deve ter tranquilizado a Comissão Técnica, a CBF e a imprensa ôba-ôba. Eu mesmo não.

Nosso time tem três jogadores de Seleção: Thiago Silva, Marcelo e Neymar. (Todos têm defeitos, mas paciência, estamos em entressafra.) Tem quatro promessas: Leandro Damião, Oscar, Lucas e Paulo Henrique Ganso (a dúvida quanto a este é mais pela fragilidade física atual.)  Um jogador badalado como Alexandre Pato nunca me convenceu.  Hulk é uma promessa, mas vi-o jogar poucas vezes, e como é meu conterrâneo tenho a tendência de valorizar tudo que faz, sou suspeito. Mas as apresentações coletivas do time foram sempre atabalhoadas, misturando estrelismo, imaturidade emocional, e em muitos momentos uma deficiência técnica assustadora. Não gostei. Medalha pro México, que soube jogar e mereceu ganhar. Para nossos meninos, prata está até sobrando.

Os times de vôlei ganharam todo tipo de medalhas, e mesmo quando a gente fica chorando resultados específicos (como as decisões em que estávamos com o jogo na mão e deixamos virar), paciência, o jogo é assim, e quando somos nós que viramos achamos tudo muito normal. O vôlei olímpico está sempre nivelado pelo alto em meia dúzia de equipes, e é apenas a nossa carência afetiva que nos faz pensar que temos a obrigação de ser sempre os melhores.  Nos últimos vinte anos, estamos no lucro, e não temos o que reclamar dos atletas.

Ainda não sabemos administrar o nosso esporte. Quando dá resultado, o esporte vira um cabide de emprego e de negócios escusos, e quando conseguimos investimentos da iniciativa privada é sob a forma de contratos de propaganda cuja contrapartida é uma maratona de coquetéis, eventos, filmagens, badalações e negociatas que acaba virando a cabeça dos nossos atletas jovens que de uma hora para outra pensam que são craques (e não são) e que estão milionários (e não estão).