Poucos termos do mercado editorial são usados de maneira tão frouxa quanto este. “Best seller” significa, ao pé da letra, “o que vende melhor”. É uma indicação puramente numérica, quantitativa, que diz respeito a quantos exemplares um livro vendeu durante um certo período. “Best seller” não é sinônimo de livro de auto ajuda, nem de thriller de ação, nem de história apimentada sobre a vida sexual de gente rica, nem de romance de fantasia heróica. Qualquer um desses pode eventualmente aparecer nas listas de best-sellers, mas ser de algum desses gêneros não é garantia de que o livro vai vender. (Muita gente acha que quem vende é o gênero, aí produz um livro meia-bomba, num gênero que conhece mal, achando que o gênero vai vender o livro sozinho. Se vendesse todo mundo era rico.)
Nenhuma editora e nenhum autor sabem o que faz um livro
vender muitos exemplares; se soubessem, usariam essa fórmula o tempo inteiro,
com o mesmo efeito que tem a macumba do campeonato baiano. Todos acham que
sabem, aplicam a fórmula, geralmente dão com os burros nágua, e na semana que
vem tentam de novo. O mercado editorial cria seus sucessos na base da
tentativa-e-erro, e é bom que seja assim. No dia em que conseguiram produzir
uma fórmula pra valer, acabou-se a literatura.
Acho fantasia pura essas listas de best-sellers que aparecem
nas revistas e nos jornais. Nem preciso aventar hipóteses de jabá e payola,
para dizer que aquele título está vendendo muito, e mediante isto fazer as
vendas decolarem. (Na música, tem todos aqueles prêmios que são entregues a
quem vende mais numa série de faixas de mercado. Com o passar do tempo, os
brindes deixam de ser um prêmio pelo bom desempenho e tornam-se uma maneira de
chamar a atenção sobre o artista e puxar as vendas até alcançar o número
necessário.)