quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

2787) Traduções de Poe (8.2.2012)



Quando organizei minha antologia de 2010, Contos Obscuros de Edgar Allan Poe, minha idéia era publicar em português alguns contos que, apesar de muito bons, eram menos conhecidos do que outros. No prefácio, indiquei quais eram os contos que me pareciam os mais traduzidos no Brasil, e que, dada a proposta da antologia, seriam os primeiros a ficar de fora. Já me perguntaram “em que dados eu baseei minha pesquisa”. Em nenhum. Eu olho o índice de toda coletânea de Poe que encontro, vejo quais os contos incluídos, e guardo vagamente na memória. Não anoto, não faço tabulação quantitativa. Ou seja, não é uma pesquisa científica.

Quem fez essa pesquisa científica (se não totalmente, pelo menos mais do que a minha) foi a tradutora Denise Bottmann, cujo blog sobre Poe (eapoebrasil.blogspot.com) infelizmente só vim a conhecer depois do livro lançado. Pior para mim, melhor para o leitor, que tem nesse blog informações mais confiáveis do que as minhas – e mais aguerridas, porque a dona do blog desce com-água-e-lenha em cima de traduções falsificadas, plágios, edições espúrias e o escambau.

Minha lista dos contos mais traduzidos foi (por ordem cronológica): “Ligéia” (1838), “William Wilson” (1839), “A Queda da Casa de Usher” (1839), “Os Assassinatos da Rua Morgue” (1841), “A Máscara da Morte Rubra” (1842), “O Poço e o Pêndulo” (1842), “O Retrato Oval” (1842), “O Escaravelho de Ouro” (1843), “O Coração Revelador” (1843), “O Gato Preto” (1843), “A Carta Roubada” (1844), “O Barril de Amontillado” (1846).

A lista de Denise Bottmann, por ordem do maior número de traduções: 1) “O Gato Preto, com 34 traduções; 2) “A Carta Roubada”, com 32; 3) “Os Assassinatos da Rua Morgue”, com 29; 4) O Escaravelho de Ouro”, com 24; 5) “O Poço e o Pêndulo”, com 21; 6) “O Barril de Amontillado” e “O Coração Revelador”, com 19; 7) “A Máscara da Morte Rubra”, com 18; 8) “Berenice”, “A Queda da casa de Usher” e “O Retrato Oval”, com 15; 9) “O Demònio da Perversidade” e “William Wilson”, com 13; 10) “Hop Frog”, “O Homem da Multidão”, “Manuscrito Encontrado Numa Garrafa” e “O Mistério de Marie Rogêt”, com 12 traduções cada.

São 17 contos, que incluem quase todos os que avaliei no golpe de vista, e alguns que me surpreenderam. Eu jamais imaginaria que contos como “Hop Frog” ou “Manuscrito encontrado num garrafa” fossem tão traduzidos. Este último, aliás, é o único dos meus “contos obscuros” que aparece na lista dos “mais traduzidos” de Denise Bottmann. E me surpreende que um conto como “Ligéia” não esteja entre os mais traduzidos. Sua tradução mais recente é minha (2011), na antologia Contos Fantásticos de Amor e Sexo (Ímã Editorial, Rio).