Os cientistas trabalham duro, e a sério, para encontrar
algum meio tecnológico de produzir a telepatia, aquilo que a gente se refere
brincando como “transmimento de pensação”.
Há pouco tempo, o canadense Scott Routley, que está em estado
vegetativo, teve seus pensamentos comunicados através de aparelhos de
ressonância magnética. Isto não quer dizer, claro, que ele se comunicou
verbalmente, mas que a atividade de certas áreas do seu cérebro foi mapeada e
depois “traduzida” para dar uma idéia do que ele estava pensando. Ou, pelo menos, de que apesar da imobilidade
ele permanece consciente. (Este é um dos dramas de pessoas em estado de coma –
dá muito trabalho provar se estão conscientes ou não.)
Vai ser difícil produzir comunicação de um cérebro para
outro baseando-se em nosso processo de formação de palavras e frases e em nossa
memória verbal. É um processo muito subjetivo, muito impalpável. Mais fácil estabelecer algum tipo de código,
como o código Morse, para que o telepata envie a mensagem letra por letra, como
no telégrafo. Ademais, como serão estabelecidas as ligações pessoa-a-pessoa?
Não faz sentido encontrar uma maneira de transmitir pensamentos mas não
conseguir direcionar esses pensamentos para uma pessoa específica. Qualquer
pesquisa deve levar em conta a transmissão e a recepção.
A telepatia não vai ser como uma conversa telefônica, onde
duas pessoas, num mesmo canal, falam alternadamente e podem até falar ao mesmo
tempo sem deixar de ouvir com clareza o que o outro está dizendo. Com o pouco
que sabemos sobre o processo de verbalização dos pensamentos (pensar nas
palavras sem pronunciá-las) não há como imaginar, agora, uma tecnologia capaz
de tornar esse processo algo compartilhável à distância. O maior empecilho a
esse tipo de telecomunicação não é o meio (que são as ondas de rádio), é o fato
de que não sabemos como as idéias verbais se formam e “são salvas” em nossa
mente.