
Existe na Paraíba uma idéia de trazer os restos mortais de
Augusto que estão em Leopoldina (MG), onde ele morreu. Há um sentimento de
culpa envolvido nisso, porque com seu livro Augusto fez mais pela Paraíba do
que a Paraíba fez por ele em seus 30 anos de vida. Desiludido com as
oportunidades de trabalho em seu Estado, ele migrou para o Rio de Janeiro, onde
viveu numa pindaíba ainda maior. O emprego de professor em Leopoldina, em 1914,
deve tê-lo feito pensar: “Agora vai!”. Não sabia que tinha apenas alguns meses
de vida. Hoje, a cidade mineira o homenageia como a um dos seus. Por que
tirá-lo de lá? Nós o celebramos como um grande poeta paraibano; Leopoldina o
ama porque vê nele um grande poeta brasileiro, e existe nisso alguma lição.
Muitos talentos só são aceitos depois da morte, porque a
pessoa é um atrapalho, um empecilho, um ruído que não permite aquela época
despreparada enxergar a obra. Van Gogh, Edgar Poe, Lima Barreto, François
Villon, Beethoven... nenhum desses gênios era flor que se cheirasse, e a obra
só prosperou quando ficou sem eles. Augusto não era beberrão nem agressivo; os
testemunhos dos contemporâneos mostram que era cordial, afetuoso, dedicado aos
alunos. Mas era neurastênico, introvertido, cheio de excentricidades e
cacoetes. Era pouco dado às finezas sociais de uma época arrebitada e metida a
chique. Não era um poeta próprio para a Rua do Ouvidor, e entre aqueles bardos
da “belle époque” carioca estaria tão deslocado quanto Nick Cave na Ilha de
“Caras”.