quarta-feira, 14 de agosto de 2013

3264) Pentagrama misterioso (14.8.2013)




Assim como os cristãos têm uma tendência a ver a figura de Jesus em manchas de infiltração na parede, pedaços de pão cobertos de mofo, carapaças de caranguejo e outros suportes improváveis, o pessoal das Teorias da Conspiração costuma enxergar Satanás a torto e a direito. O ótimo site “io9” publicou há pouco as fotos de um local no Cazaquistão onde teria sido avistado “um Pentagrama diabólico” traçado em escala gigantesca na paisagem. Quem vê essas coisas, provavelmente, são adolescentes e aposentados com tempo para passear o dia inteiro no Google Earth e descobrir coisas suspeitas na paisagem, assim como tem gente que passa o dia inteiro filmando o céu e encontrando objetos que voam e que eles não são capazes de identificar.

Pentagrama, ou pentáculo (também pentaclo) é o termo que descreve a estrela de cinco pontas, às vezes inscrita num círculo. É essa a imagem que o pessoal flagrou no Google Earth, de uma altura de 400 metros ou 1.200 pés. (Aqui: http://bit.ly/1crYTRs.) Autoridades do Cazaquistão explicaram que se trata de um parque circular, cortado por alamedas (margeadas por algumas árvores, bem visíveis na foto) que traçam a forma de uma estrela. Como a obra data dos anos da União Soviética, é normal o uso da estrela, bastante comum em bandeiras e símbolos da época.

Teorias conspiratórias e místicas fazem o tempo todo esse tipo de leitura de formas e números elementares. A estrela de cinco pontas pode ser um símbolo satânico, mas pode ser também a estrela soviética, a estrela da Texaco, a estrela do xerife do faroeste, a estrela dos Tupamaros, e mais uma porção de coisas. (Algum tempo atrás, alguém descobriu pentagramas no mapa de Washington D.C.; qualquer cidade com traçado paralelo e avenidas oblíquas pode estar coberta de pentagramas, dependendo do ângulo de inclinação dessas diagonais.) Pessoas com manias de números atribuem sentidos cabalísticos ao 3, ao 7, ao 12 e assim por diante, e não lhes faltam exemplos, porque não nos faltam milhares de casos em que esses números aparecem, por serem números básicos. (Quero ver gente me apontar a presença reiterada, na natureza ou na cultura, de números como o 611 ou o 1573.)

Formas geométricas básicas estão por toda parte. A pirâmide, o círculo, a espiral, a cruz (ou o X)... Quando não estão na natureza estão na cultura, porque resultam das nossas experiências visuais mais simples de desenho, de produção de símbolos. Cada um vê nessas formas o que sua cultura lhe ensinou a ver. Antes do século 20, a suástica era um símbolo presente em decorações, em vasos, em insígnias religiosas. O nazismo a contaminou de horror e de opróbrio.