É de Thomas Edison, o grande inventor, a frase famosa: “O gênio é feito de 10% de inspiração e 90% de transpiração.” Se não fôr uma descrição do que é a genialidade, é uma boa descrição do método de trabalho do próprio Edison. Durante o processo de inventar a lâmpada elétrica, ele tentou definir qual seria o material ideal para fazer o filamento da lâmapada, um filamento que teria que ficar incandescente no vácuo sem se auto-destruir, que fosse barato, tivesse durabilidade, etc. Dizem as lendas do meio científico que Edison experimentou 1.600 materiais diferentes até chegar ao filamento de carbono que acabou funcionando. Ao ouvir isto, um jornalista comentou: “É pena que o sr. tenha tido que passar por tantas experiências mal sucedidas, até obter a resposta.” Edison ergueu a sobrancelha e respondeu: “E quem disse que foram mal sucedidas? Depois de cada experiência, eu ficava sabendo que aquele material não servia para fazer o filamento. Isso era um resultado positivo.”
Na ciência, existem as atividades que dependem da inspiração, e as que dependem da transpiração, ou seja, do trabalho monótono, repetitivo, mas necessário. Um cientista precisa cultivar estes dois lados, embora eventualmente possa acabar derivando numa ou noutra direção. Edison, por exemplo, era um cientista metódico, obstinado, incansável, e que muitas vezes inventava algo sem ter uma noção muito clara de sua utilidade. Ele julgava que o fonógrafo, por exemplo, poderia ser útil para mandar cartas faladas, ou para estudar idiomas estrangeiros. O gigantesco mercado do disco musical, que temos hoje, nem lhe passou pela cabeça.
Já Albert Einstein era o típico cientista intuitivo. Suas maiores descobertas foram feitas antes dos trinta anos. Quando a Teoria da Relatividade foi divulgada e começou a encontrar violentas reações no meio científico, ele se viu várias vezes encurralado nas argumentações, porque não sabia exatamente como tinha chegado àquelas conclusões que, intuitivamente, sabia serem verdadeiras. Em alguns casos foi socorrido por simpatizantes, como os matemáticos Herman Minkowski (seu ex-professor ) e Max von Laue. Coube a estes explicar matematicamente o que Einstein havia descoberto, porque o próprio descobridor não sabia como.
A criação científica, ao contrário do que popularmente se diz, é muito próxima da criação artística. Ambas envolvem longos períodos de trabalho “braçal”, repetitivo, exasperante, mas que é necessário para que em certos momentos se produza a fagulha da invenção, da ruptura e superação dos antigos conceitos através da idéia nova. Segue-se então uma fase de exploração dessa nova idéia em todos os seus desdobramentos, todas as suas utilizações possíveis; um trabalho de início excitante, pela abundância de possibilidades criativas que oferece. Essa novidade, no entanto, vai se desgastando com o tempo, e tem início um novo ciclo de criação burocrática, cansativa, mas necessária. É preciso. É assim.
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