Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac tinha a forma do nome em verso alexandrino. Otacílio Batista Patriota era um verso em martelo agalopado. Era o mais novo dos três irmãos Batista, de São José do Egito. Pertenceu à primeira geração de Cantadores que recebeu o reconhecimento das elites e dos meios de comunicação, não apenas no Nordeste, mas também nas metrópoles do Sudeste, nos centros do poder político e econômico. Os grandes poetas repentistas do século 19 vivem apenas na lenda e no mito, perpetuados pelos folhetos e versos das antologias. A geração de Lourival, Dimas e Otacílio Batista, no entanto, conseguiu se beneficiar do rádio, da imprensa, dos festivais.
Há um excelente livro-documento para ser escrito sobre os primeiros festivais de cantadores, organizados por Ariano Suassuna (Recife, em 1946) e Rogaciano Leite (Fortaleza em 1947, e Recife em 1948). Existem testemunhos, versos recolhidos em livros, fotos, arquivos de imprensa. Em 1949, os irmãos Batista excursionaram pelo Rio e São Paulo, acompanhados do seu mentor, o grande Pinto do Monteiro, o qual era cerca de vinte anos mais velho que Lourival, o mais velho dos irmãos. Cantaram para o presidente Dutra, para jornalistas e intelectuais. No curto espaço de alguns anos, o grupo de cantadores a que pertenciam tornou-se a vanguarda da poesia violeira, em termos de reconhecimento no universo das elites urbanas do Sul do país. Exerceram um papel semelhante ao que, no âmbito da música popular brasileira, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam desempenhando naquele mesmo momento, com a criação e a consagração popular do Baião.
Otacílio, falecido dias atrás em João Pessoa, a poucas semanas de completar 80 anos, era um dos últimos remanescentes dessa geração. Sua verve lírica era tão destacada quanto a humorística. De raciocínio rápido e sempre alerta, sabia como ninguém mudar de caminho no meio de uma sextilha para incluir um detalhe que acabava de acontecer diante de todos. Cantava sertão, cantava saudade, cantava História e política, cantava temas jornalísticos e do momento, cantava versos maliciosos e irreverentes com a cara mais séria do mundo, como se estivesse cantando o Hino Nacional. Era também um publicador incansável de livros e folhetos, e quem ia a uma cantoria sua sempre se deparava com a “exposição” das obras mais recentes.
Era corpulento, e no seu torso de urso a viola parecia bem menor do que era. Cantava com voz pausada, cadenciando o baião de acordo com seu próprio ritmo, e não com o de parceiros mais jovens que às vezes tentavam disparar na frente. Cantou por cerca de sessenta anos. A voz foi sempre sonora, a dicção perfeita (ao contrário de Lourival). Em público era geralmente reservado, pensativo, mas tinha sempre um gracejo tranqüilo e uma atenção paternal para com certos jovens que gostavam de fazer perguntas sobre versos, motes e rimas. Adeus, até outro dia.
Há um excelente livro-documento para ser escrito sobre os primeiros festivais de cantadores, organizados por Ariano Suassuna (Recife, em 1946) e Rogaciano Leite (Fortaleza em 1947, e Recife em 1948). Existem testemunhos, versos recolhidos em livros, fotos, arquivos de imprensa. Em 1949, os irmãos Batista excursionaram pelo Rio e São Paulo, acompanhados do seu mentor, o grande Pinto do Monteiro, o qual era cerca de vinte anos mais velho que Lourival, o mais velho dos irmãos. Cantaram para o presidente Dutra, para jornalistas e intelectuais. No curto espaço de alguns anos, o grupo de cantadores a que pertenciam tornou-se a vanguarda da poesia violeira, em termos de reconhecimento no universo das elites urbanas do Sul do país. Exerceram um papel semelhante ao que, no âmbito da música popular brasileira, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam desempenhando naquele mesmo momento, com a criação e a consagração popular do Baião.
Otacílio, falecido dias atrás em João Pessoa, a poucas semanas de completar 80 anos, era um dos últimos remanescentes dessa geração. Sua verve lírica era tão destacada quanto a humorística. De raciocínio rápido e sempre alerta, sabia como ninguém mudar de caminho no meio de uma sextilha para incluir um detalhe que acabava de acontecer diante de todos. Cantava sertão, cantava saudade, cantava História e política, cantava temas jornalísticos e do momento, cantava versos maliciosos e irreverentes com a cara mais séria do mundo, como se estivesse cantando o Hino Nacional. Era também um publicador incansável de livros e folhetos, e quem ia a uma cantoria sua sempre se deparava com a “exposição” das obras mais recentes.
Era corpulento, e no seu torso de urso a viola parecia bem menor do que era. Cantava com voz pausada, cadenciando o baião de acordo com seu próprio ritmo, e não com o de parceiros mais jovens que às vezes tentavam disparar na frente. Cantou por cerca de sessenta anos. A voz foi sempre sonora, a dicção perfeita (ao contrário de Lourival). Em público era geralmente reservado, pensativo, mas tinha sempre um gracejo tranqüilo e uma atenção paternal para com certos jovens que gostavam de fazer perguntas sobre versos, motes e rimas. Adeus, até outro dia.
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