Nas últimas semanas a imprensa mundial tem publicado declarações de Spencer Leigh, autor do livro The Walrus was Ringo, de que ao compor “Yesterday” Paul MacCartney teria utilizado uma antiga canção gravada por Nat King Cole.
O assunto é curioso porque “Yesterday” é uma das canções mais gravadas, mais executadas e certamente mais conhecidas do mundo, e o próprio MacCartney afirmou diversas vezes que a compôs dormindo, ou melhor, que ao acordar estava com aquela melodia praticamente pronta na cabeça. Ele pulou da cama direto para o piano e a tocou várias vezes para não esquecer. O primeiro título dado à música ainda sem letra, naquela hora matinal, foi “Scrambled Eggs” (“ovos mexidos”).
Leigh afirma que há grande semelhança melódica, harmônica e de letra entre as duas canções.
Leigh afirma que há grande semelhança melódica, harmônica e de letra entre as duas canções.
A gravação de Nat King Cole é “Answer Me, My Love”, de 1952, que um ouvinte atento de música norte-americana como o Beatle dificilmente deixaria de ter ouvido.
Alguns versos são semelhantes. Em “Yesterday”, os Beatles cantam: “Yesterday, all my troubles seemed so far away, now it looks as though they´re here to stay” (“Ontem meus problemas pareciam tão distantes, e hoje parece que eles voltaram para ficar”).
A letra de “Answer Me...” diz: "Yesterday, I believed that love was here to stay, won't you tell me where I've gone astray." (“Ontem eu pensei que o amor estava aqui para ficar, você não vai me dizer onde eu errei?”).
A letra, contudo, pode servir no máximo de prova adicional. MacCartney sonhou foi com a melodia, e de fato existe uma semelhança geral entre as melodias das duas canções, especialmente na modulação para o relativo que ocorre na segunda parte. Se era de fato um resíduo de lembrança que ficara no subconsciente do compositor, é natural que ao cantarolar repetidas vezes a música algumas palavras da letra original tenham-lhe vindo como que naturalmente.
Não considero isto plágio. Fragmentos de músicas, de letras, passagens harmônicas, combinações de acordes, repetição de rimas, tudo isto converge o tempo inteiro, durante o processo de criar uma canção. Ocorre com tanta frequência que nem percebemos, porque já temos a prática de, quando notamos que a música começa a ficar parecida com outra música de A ou B, automaticamente começamos a procurar outros acordes, a guiar a melodia noutra direção, etc.
A letra, contudo, pode servir no máximo de prova adicional. MacCartney sonhou foi com a melodia, e de fato existe uma semelhança geral entre as melodias das duas canções, especialmente na modulação para o relativo que ocorre na segunda parte. Se era de fato um resíduo de lembrança que ficara no subconsciente do compositor, é natural que ao cantarolar repetidas vezes a música algumas palavras da letra original tenham-lhe vindo como que naturalmente.
Não considero isto plágio. Fragmentos de músicas, de letras, passagens harmônicas, combinações de acordes, repetição de rimas, tudo isto converge o tempo inteiro, durante o processo de criar uma canção. Ocorre com tanta frequência que nem percebemos, porque já temos a prática de, quando notamos que a música começa a ficar parecida com outra música de A ou B, automaticamente começamos a procurar outros acordes, a guiar a melodia noutra direção, etc.
Compositores fazem isto o tempo inteiro. E mesmo assim é espantosa a quantidade de músicas que ouvimos cujas melodias, harmonias, cadências e versos lembram os de outras canções. Em geral são apenas trechos, como ocorre entre a música de MacCartney e a de “King” Cole. Eu poderia, na ponta do lápis, anotar aqui dezenas de canções brasileiras ou internacionais que usam pequenos trechos de outras melodias. Isso não é plágio. No caso do Beatle, foi sem querer, mas mesmo quando o uso é deliberado, eu encaro isto como citação, ou como empréstimo. Falarei em breve sobre o plágio mal-intencionado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário