Segundo o pesquisador Willi Bolle, a bibliografia de textos de análise ou comentário ao Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa já passa dos mil e quinhentos títulos. Ele deve saber do que está falando, porque publicou em 2004 “grandesertão.br” (Eds. Duas Cidades / 7Letras). Entre mil detalhes, Bolle propõe uma subdivisão da narrativa do romance em unidades, já que Rosa fez um texto corrido e sem cortes do começo ao fim. (Falei dias atrás das 10 subdivisões sugeridas por Ariano Suassuna.)
No seu livro (pags. 62-63) Bolle sugere uma divisão em sete
partes. Vou resumir.
Um: Proêmio.
Riobaldo fala, proseia, passeando por todos os temas principais da história que
se inicia.
Dois: “Recorte ‘in media
res’ da vida do jagunço Riobaldo. Já jagunço, Riobaldo está no bando de Medeiro
Vaz, que fracassa a travessia do Liso do Sussuarão. Surge a figura de Zé
Bebelo.
Três: Interrupção. O narrador
comenta a dificuldade de narrar.
Quatro: Primeira parte da vida de Riobaldo. Volta à infância, quando no
rio ele conhece o Menino (que virá a ser Diadorim); ele fala de sua mãe, seu
padrinho, sua criação, como estudou e viveu.
Sua ligação com Zé Bebelo, o jagunço-deputado. Como vira jagunço. O bando de Joca Ramiro derrota, prende, julga
e liberta Zé Bebelo. Depois, notícia do
assassinato de Joca Ramiro. Começa “a
outra guerra”.
Cinco: Segunda Interrupção.
“O narrador, que se coloca numa situação de ‘acusado”, se põe a falar de
sua ‘culpa’ e do que ‘errou’.
Seis:
Segunda parte da vida de Riobaldo: o conflito com Zé Bebelo, o pacto com o
Diabo, a travessia (agora bem sucedida) do Liso, o encurralamento dos inimigos
e o sangrento confronto final.
Sete:
Epílogo. Riobaldo proseia, amarra as últimas pontas falando como casou, como
herdou uma fazenda, como transformou vários companheiros de jagunçagem em seus
moradores e braços-de-armas. “A viagem
pelo sertão termina, em termos de perspectiva, com o signo do infinito.”
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