domingo, 11 de abril de 2010
1894) “O Monstro do Ártico” (4.4.2009)
Este filme produzido por Howard Hawks em 1951, e dirigido por Christian Nyby, passa de vez em quando na TV a cabo. Foi refilmado como O Enigma do Outro Mundo (1982), dirigido por John Carpenter. Ambos os filmes se baseiam no conto “Who goes there?”, de John W. Campbell, Jr. (sob o pseudônimo de Don A. Stuart), publicado no número de agosto de 1938 da revista Astounding Science Fiction. Ambos fazem mudanças substanciais no conto, e ambos mantêm fidelidade a vários dos seus aspectos.
Uma expedição científica na Antártica (o filme de 1951 transfere a ação para o Alasca) encontra uma espaçonave enterrada no gelo, há milhões de anos. Perto dela, ainda sob o gelo, encontram o cadáver de um tripulante, uma criatura monstruosa, e o levam para a Base, a fim de examiná-lo. O gelo derrete e a criatura (que estava viva) escapa. Eles descobrem que o alienígena é capaz de absorver tecidos de um ser vivo, analisá-lo, e assumir integralmente a forma dele. Se for um ser humano, pode reproduzi-lo (depois de matá-lo, claro) por completo, tanto fisicamente (roupas e tudo) quando mentalmente – a vítima “acredita” ainda ser a mesma pessoa, até o momento em que é acuada e então se transforma pra valer no monstro, para defender-se. Encurralados no deserto de gelo, no espaço exíguo de uma base científica, os homens tentam (com rifles, lança-chamas, cabos eletrificados) destruir a criatura.
São filmes que dão tratamentos diferenciados a uma antiga (e pouco obedecida) máxima do cinema de terror: “não mostre o monstro”. No filme de 1951, o monstro é visto indiretamente durante dois terços da história; quando aparece de frente e de corpo inteiro, é uma decepção. Pode-se dizer que, ausente, ele é aterrorizante, porque o “vemos” através do medo dos homens que estão encurralados com ele, e desconfiando uns dos outros. Presente, o monstro se dilui num homem vestindo uma fantasia desajeitada e agitando os braços.
No filme de 1982, o monstro, ou A Coisa, surge indiretamente no começo, quando vemos homens tentando matar a tiros um cão aparentemente inofensivo. Mas logo em seguida ele é mostrado em todo seu horror (quando “explode” de dentro do cão) e daí em diante há um crescendo de imagens grotescas, espantosas. A cada aparição (surgindo às vezes “de dentro” de um homem, que se despedaça) A Coisa é mais horrenda, e pode-se dizer que este filme criou todos os parâmetros de efeitos especiais repugnantes que o cinema vem pondo em prática desde então.
Quando mostrar o monstro, então? Apenas (parecem mostrar estes filmes) quando ele for monstruoso mesmo, e não algo tosco e risível. O impacto da monstruosidade do filme de Carpenter é o que mais fica em nossa memória, num filme com várias outras qualidades: narrativa, suspense, atmosfera, além de ser bem mais fiel ao conto. A aparência visual do monstro precisa ser apavorante. Se não, basta mostrá-lo indiretamente, como fez Nyby nos primeiros dois terços do seu filme.
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