quinta-feira, 2 de abril de 2009

0937) Bill Wyman (18.3.2006)



Ele foi o baixista dos Rolling Stones desde o começo em 1962 até 1991. Embora Mick Jagger e Keith Richards sejam considerados não apenas a cara mas também a alma da banda, diz-se que o coração da banda era a dupla silenciosa e introspectiva formada pelo baixista Wyman e o baterista Charlie Watts. Wyman abandonou os Stones depois de uma fase conturbada: choques com o egocentrismo de Jagger & Richards (que se recusavam a incluir canções suas nos álbuns), uma relação amorosa longa e problemática com uma garota de 13 anos – tão problemática que o filho de Wyman, Stephen, acabou casando com a mãe dela, que tinha 46.

Vi no ano passado uma série de especiais para TV a cabo sobre a história do Blues, em que Wyman funcionava como âncora e co-roteirista. Era um sujeito grisalho, suave, de fala mansa e bem-humorada. Nada nele fazia supor o roqueiro a quem era atribuída a façanha de ter conhecido biblicamente 265 mulheres num período de três meses de uma turnê. Ele explica: “Mick e Keith ficavam trancados compondo; Charlie era fiel à esposa; sobrava pra mim e Brian Jones”.

Wyman tinha complexo de inferioridade por sua origem operária (seu pai o tirou da escola quando ele começou a tirar notas muito boas). O rock foi uma fuga ao ambiente estreito e mesquinho onde nasceu. Era William Perks; depois que entrou na banda trocou oficialmente seu nome para Wyman, em homenagem a um colega do exército que, segundo ele, era o melhor jogador de futebol que ele já tinha visto. “Isto mudou totalmente minha vida”, diz ele. “Eu me sentia auto-confiante, tinha orgulho do meu nome”.

Quando os Stones passaram alguns meses no sul da França para gravar Exile on Main Street, Wyman gostou do lugar e ficou morando. Sua casa era vizinha à do pintor Marc Chagall; os dois se tornaram amigos, e Wyman publicou um livro (Wyman shoots Chagall) com textos e fotos narrando a sua convivência. Ele é também autor de Rolling with the Stones, um gigantesco livro ilustrado sobre a história da banda, no modelo da Anthology dos Beatles. Meticuloso, Wyman manteve um diário detalhado da história da banda durante todo o tempo em que foi um Stone (ver em: http://www.billwyman.com/index.asp).

Hoje é dono de um restaurante em Londres (“Sticky Fingers”), toca numa banda chamada Rhythm Kings (o CD Just For a Thrill é bem divertido). Outro passatempo seu é a arqueologia amadora, e ele publicou um livro chamado Treasure Islands, sobre tesouros arqueológicos encontrados nas Ilhas Britânicas. Vai completar 70 anos em outubro próximo. Wyman é mais típico da geração do rock do que os outros Stones, que continuam fazendo discos, turnês, arrastando milhões de pessoas. Estes são a exceção. Os grandes roqueiros dos anos 1960 vivem hoje confortavelmente, dedicando-se à família e aos hobbies. Tocam, cantam e gravam quando lhes dá na telha. São os sobreviventes de um furacão, e transformaram o furacão numa escultura. Palmas para eles.

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