O futebol do Rio de Janeiro é um paciente terminal, sofrendo de falência múltipla dos órgãos. Escrevo estas linhas na noite do domingo, 19 de março, depois que foi definido o quadrangular decisivo da Taça Rio (2o. turno do campeonato), e cujo vencedor irá decidir o título com o Botafogo, campeão da Taça Guanabara ou 1o. turno. Pasmem, amigos. A Taça Rio será decidida entre Americano de Campos, Cabofriense, Madureira e América. Ficaram de fora os quatro reis do baralho, ou seja, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo. (Menos mal para o Botafogo, que foi campeão do 1o. turno e vai decidir o título com um time “pequeno”).
Os quatro grandes clubes do Rio vêm sendo sangrados até a morte por grupos de cartolas que parecem encarnar uma conspiração infernal para “quebrar” o futebol do Estado. Falei acima em “falência múltipla dos órgãos” porque é a imagem que melhor descreve a situação. É como um paciente que está como todos os órgãos vitais comprometidos, e, mesmo, quando a equipe médica consegue normalizar a situação deste ou daquele, todo o seu esforço vai por terra, porque o comprometimento dos demais logo faz o órgão remediado retornar ao estado crítico de antes.
Os quatro grandes clubes do Rio vêm sendo sangrados até a morte por grupos de cartolas que parecem encarnar uma conspiração infernal para “quebrar” o futebol do Estado. Falei acima em “falência múltipla dos órgãos” porque é a imagem que melhor descreve a situação. É como um paciente que está como todos os órgãos vitais comprometidos, e, mesmo, quando a equipe médica consegue normalizar a situação deste ou daquele, todo o seu esforço vai por terra, porque o comprometimento dos demais logo faz o órgão remediado retornar ao estado crítico de antes.
Em primeiro lugar, são os cartolas desonestos, mal-intencionados, do tipo que celebra contratos e acordos mirabolantes, milionários, para embolsar no meio do caminho enormes fatias que nunca irão aparecer nas nebulosas prestações de contas de fim-de-ano. Quando os cartolas são honestos (e muitos o são), são incompetentes: apaixonados pelo clube, deixam-se arrastar pela loucura-de-torcedor e tomam decisões catastróficas, movidos pelo desespero de conseguir resultados a curtíssimo prazo (tipo trocar de técnico na quinta-feira para tentar ganhar a decisão do título no domingo). Quando são competentes e honestos, são sabotados por certos jornalistas que não são nem uma coisa nem outra, perdem-se nas politicagens de corredores de Federação e de tribunais esportivos, ou simplesmente naufragam nos buracos-negros contábeis deixados pelas administrações anteriores.
Acendam velas votivas, amigos. Batam bombo, prometam novenas, queimem incenso, promovam rituais propiciatórios no altar de qualquer divindade, babilônica ou egípcia. Peguem-se com os deuses, com os numes tutelares, com os orixás, com os hexagramas do I-Ching, com qualquer força sobrenatural que impeça a propagação, pelo Brasil inteiro, deste vírus maligno que assola o futebol carioca. Acabaram (pelo menos por enquanto) com uma das maiores fontes de Arte que este país já teve: o futebol que nos deu Garrincha, Didi, Gérson, Zico, Roberto Dinamite, Romário e tantos outros. O Rio já foi, para o mundo do futebol, como a Grécia Antiga foi para o Teatro, a Filosofia e a Escultura. Os peladeiros que hoje entram em campo e recebem as vaias e tomates são os menos culpados. Os culpados são os caras que afundaram quatro Titanics de uma vez só.
Acendam velas votivas, amigos. Batam bombo, prometam novenas, queimem incenso, promovam rituais propiciatórios no altar de qualquer divindade, babilônica ou egípcia. Peguem-se com os deuses, com os numes tutelares, com os orixás, com os hexagramas do I-Ching, com qualquer força sobrenatural que impeça a propagação, pelo Brasil inteiro, deste vírus maligno que assola o futebol carioca. Acabaram (pelo menos por enquanto) com uma das maiores fontes de Arte que este país já teve: o futebol que nos deu Garrincha, Didi, Gérson, Zico, Roberto Dinamite, Romário e tantos outros. O Rio já foi, para o mundo do futebol, como a Grécia Antiga foi para o Teatro, a Filosofia e a Escultura. Os peladeiros que hoje entram em campo e recebem as vaias e tomates são os menos culpados. Os culpados são os caras que afundaram quatro Titanics de uma vez só.
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