(a Trilogia de Washington)
Num
artigo no número atual de The New Yorker, Tim Kreider observa o quanto a
literatura dos EUA se distanciou dos grandes temas políticos, e propõe a tese
de que a grande literatura política de hoje em dia é a ficção científica. (Isso
pode parecer estranho a quem só entende a política através do circo partidário,
das disputas eleitorais.) Diz Kreider: “Se os historiadores de daqui a 50 anos
lerem a ficção literária de hoje, podem inferir que nossos maiores problemas
sociais eram conflitos com os pais, relacionamentos insatisfatórios, e a morte.
Se procurarem qualquer indicação de que tínhamos pelo menos um vago
pressentimento sobre o crescente conflito global entre Capitalismo e
Democracia, ou sobre a catástrofe abissal que nossa civilização estava neste
período começando a produzir, talvez tenham que se voltar para (...) a ficção
científica”.
O
jornalista cita Kim Stanley Robinson (http://nyr.kr/IIiPDF)
como um bom exemplo de autor de FC voltado para a política. Ele concentra sua
análise na “Trilogia de Marte” (1993-94-96) onde o planeta é colonizado por
gerações de terrestres – a quem cabe, evidentemente, administrar a complexa
política do futuro mundo. Mas poderia ter citado também outras séries de
Robinson como a “Trilogia da Califórnia”, três romances (1984-88-90) em que ele
imagina três futuros possíveis e mutuamente excludentes para a região de Orange
County, três hipóteses possíveis de futuro político e social para uma única
comunidade.
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