quarta-feira, 5 de agosto de 2009

1175) Colorado voltou campeão! (19.12.2006)



Respeite o futebol brasileiro, mundiça! O Internacional de Porto Alegre repetiu a façanha do São Paulo no ano passado, só que de maneira mais convincente. Em 2005, o São Paulo enfrentou um Liverpool com muito mais volume de jogo, soube se segurar, e fez um gol de contra-ataque no momento certo. Anteontem, a mesma coisa aconteceu com o Inter, sendo que a equipe do Barcelona é muitíssimo superior à do Liverpool, e o Inter conseguiu não apenas se defender muito bem, mas chutou mais a gol do que o São Paulo, embora sempre de maneira torta. Um contra-ataque veloz e inteligente deu-lhe um gol a menos de dez minutos do final, e eu ficaria muito admirado se um time dirigido por Abel não conseguisse segurar um placar dessa importância por dez minutos.

Quase não consegue. O Barcelona tem jogadores muito melhores, e faltou-lhe sorte principalmente numa falta batida por Ronaldinho Gaúcho que passou rente ao poste. Clemer, que tinha falhado feio no gol do Al-Ahli na semifinal, redimiu-se com atuação seguríssima e com duas grandes defesas em chutes de Xavi e Deco (um pouco antes e logo após o gol – duas defesas decisivas). Mas o Barcelona parecia estar vivendo o seu momento de Seleção Brasileira. Entrou para dar show, mas dentro do campo havia um monte de caras chatos atrapalhando. É um erro comum dos grandes times, esquecer que o show tem que ser dado em cima dos “caras chatos”. Futebol é espetáculo, é exibição? É, mas não é um espetáculo solo. É uma exibição de habilidade em não se deixar marcar pelos caras chatos. E o Barça não conseguiu.

A imprensa brasileira comentou que o Inter de domingo passado foi o primeiro clube brasileiro a disputar a final do Mundial Interclubes sem contar com nenhum jogador de seleção. O Inter ainda perdeu, para esta decisão, jogadores importantes na campanha da Libertadores, como foram Rafael Sóbis, Renteria e Tinga. Na semifinal, seus dois gols foram marcados por jogadores novatos, com 17 e 19 anos. Eu vi o Campeonato Brasileiro todo, este ano, mas se me perguntassem, antes desta final, os nomes dos jogadores do Inter eu só lembraria Clemer, Fernandão e Fabiano Eller. É um time sem estrelas, mas com muita aplicação tática, muita disposição, e talento na conta-do-chá. Foi o que bastou para derrotar o melhor time do mundo.

Todo mundo esperava vitória do Barcelona, inclusive eu. Seria o mais lógico. Bastaria um daqueles chutes catalães ter entrado no primeiro tempo para que o jogo e o resultado fossem muito diferentes. Paciência. Como disseram e repetiram os colorados: “Se os dois times fôssem disputar dez jogos, o Barcelona ganharia nove, mas em um único jogo, as chances são meio-a-meio”. Um raciocínio matemático perfeito. Um lance de dados jamais abolirá o Acaso; mas o Acaso tem um peso muito maior num lance único. Numa sucessão de lances, os resultados tendem a se agrupar de acordo com uma curva estatisticamente previsível.

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