sexta-feira, 9 de novembro de 2012

3026) Obama (9.11.2012)




Fiquei acordado até as 5 da manhã (o que para mim, admito, não custa muito esforço) até assistir o discurso da vitória de Barack Obama na eleição dos EUA.  E fiquei lembrando de quando fiz a mesma coisa, em 2008. Quatro anos atrás. Era outro mundo. Mudou o mundo, mudei eu, mudou o Natal, mudou Machado de Assis, mudou o rio de Heráclito, mudou Barack Obama, que havia prometido aos norte-americanos “esperança e mudança”. A mudança que houve talvez não tenha sido a desejada, mas as urnas mostraram que a esperança continua. Foi uma escolha entre a insatisfação e a catástrofe. Romney é o representante de uma geração que não liga para o risco de destruir o mundo, contanto que eles continuem bilionários (talvez a última geração de bilionários a existir no planeta).

O destino do mundo depende em grande parte dos EUA e das suas decisões internas, principalmente sobre economia e sobre a questão ambiental. Se Obama não está correspondendo, Romney seria muito pior. Nem falo de outras questões, também importantes para qualquer país: migração, direitos civis, projetos de saúde, desemprego, drogas, violência, aborto, recessão econômica... O mundo tem dois problemas de vida-ou-morte hoje em dia.  O primeiro: nas próximas décadas, pode haver uma crise econômica capaz de zerar a fantasia financeira em que vivemos todos nós. O segundo: pode haver alguma catástrofe ambiental gigantesca, específica, dentro da destruição geral que já está em marcha. Estas duas questões são as mais importantes para o mundo. Obama não nos garante a salvação, mas o partido de Romney iria trabalhar (cegamente, egoisticamente) para piorar ainda mais as coisas.

Thomas Friedman, do NY Times, escreveu que o Partido Republicano estava visivelmente fazendo de tudo para que o governo Obama fracassasse, “para, então, dar o bote e catar os cacos”.  É a atitude que se pode esperar de uma elite de bilionários, milionários (e aspirantes a ambos), para a qual não importa se centenas de milhões de pessoas vão despencar na miséria, desde que eles continuem onde estão. Os problemas dos EUA (ou do Brasil, ou do mundo) não se resumem a isto, mas isto está na raiz de no mínimo metade dos demais problemas. Friedman disse que a vitória de Obama foi devastadora para os republicanos: “um país com quase 8% de desemprego preferiu dar ao presidente uma segunda chance do que dar a Mitt Romney a primeira”. Este resultado de Obama (uma vantagem de menos de 3 milhões de votos) pode significar uma pequena mas decisiva vitória da esperança, um sinal de que os EUA estão se tornando menos elitistas, menos racistas, menos suicidas.


3 comentários:

Daniel disse...

Falou tudo Bráulio, parabéns!

santanafx disse...

Típico de um esquerdista. Demoniza os adversários. Divide o mundo entre "os que pensam pelos pobres" contra "os ricos malvados". Se eu fosse um adolescente, cairia nesse discurso. Como aprendi a ver o mundo de outra maneira, vejo quanto a democracia nunca valeu nada para a esquerda. Democracia tem como exclusividade a liberdade. E a exclusividade da liberdade é de dizer não.

joão araujo disse...

um 'direitista' não demoniza o adversario?