quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

0757) Eu blogo, tu blogas (21.8.2005)



O caro leitor ou a cara leitora tem um blog na Internet, ou já teve? Então está devendo um dólar a Jorn Barger, e se cada um desses numerosos devedores comparecesse na caixinha quebraria o maior galho para esse sujeito que é mais um dos heróis anônimos do ciberespaço. Já falei aqui nos blogs (“Blog”, 17.2.2005) e já homenageei Scott Fahlman, o cara que inventou o emoticon, aquela carinha engraçada tipo :-) feita com sinais de pontuação (“Os emoticons”, 15.8.2003). Pois agora quero tirar um chapéu metafórico para o sujeito que inventou a palavra “weblog” para esta mistura de diário íntimo e manifesto público, de caderneta de anotações e de discurso-numa-caixa-de-sabão no meio da praça, este sucedâneo da poesia mimeógrafo, do jornal mural e da carta pros amigos.

Barger tinha uma página na World Wide Web, “a rede do tamanho do mundo”, intitulada “Robot Wisdom”, onde ele colocava todas as coisas interessantes que achava na Internet, onde garimpava o dia inteiro. Isto era no final de 1997, e o título da página era “Robot Wisdom WebLog”. Vejam a colocação da maiúscula: ela indica que se trata de uma palavra composta de “web + log”, sendo que “log” significa diário, livro de anotações periódicas. Coube a Peter Merholz, em 1999, quebrar a palavra de maneira diferente: “we + blog”, criando um verbo novo: “nós blogamos”. Blogar virou sinônimo de manter uma página da Web onde o titular “posta” (verbo típico do jargão dos blogueiros) textos periodicamente, às vezes todos os dias e até várias vezes por dia, o que dá aos blogs adolescentes essa equivalência aos diários ou agendas onde registram suas emoções e os fatos do seu cotidiano. Um blog, tipicamente, permite a colagem de fotos e ilustrações, permite que se coloquem links para outras páginas da Web, e permite também que os leitores postem os seus comentários a qualquer material incluído no blog, os quais podem ser lidos por todo mundo. Um blog é um empreendimento pessoal, mas interativo.

Jorn Barger ainda mantém o seu “Robot Wisdom”, que pode ser acessado em: http://www.robotwisdom.com/ . Ele não é de postar comentários longos, e seu blog hoje é uma infindável coleção de links com descrições breves. Barger é um típico nerd da geração Internet (hmmm, acho que acabei de inventar uma palavra nova, “internerd”). Leitor de filosofia, de misticismo oriental, de James Joyce e de informática, sempre teve um problema danado com essa coisa irritante que é ganhar dinheiro (“mon semblable, mon frère!”). Bateu cabeça pra lá e pra cá, e meses atrás um jornalista o encontrou na rua com um cartaz: “Inventei a palavra blog e nunca ganhei um centavo”. Morava na casa de amigos, e sobrevivia com um dólar diário. Vamos, pessoal. Nós todos que usamos estes troços não ficamos comprando produtos da Microsoft? Vamos mandar um dólar para Jorn Barger. Alguma coisa me diz que estamos financiando a América errada.

Um comentário:

Félix Maranganha disse...

o cara dê a conta dele no banco, e deposito dois dólares com o maior prazer.