terça-feira, 30 de dezembro de 2008

0700) A prova do crime (16.6.2005)


Num crime recente em Nova York, um Blog na Internet ajudou a resolver um assassinato. Simon Ng era um rapaz de ascendência chinesa que morava num apartamento no bairro de Queens com sua irmã Sharon. Em 12 de maio, o namorado de Sharon ligou para a casa dela, e ela atendeu o telefone dizendo que estava ferida, e que ele pedisse ajuda depressa; não disse quem a tinha atacado. O rapaz chamou a polícia, mas quando esta chegou tanto Sharon quanto Simon estavam mortos, esfaqueados.

A polícia revistou a casa à procura de pistas, e acabou ligando o computador do rapaz (que ficava no quarto, no andar de cima). E encontrou no Blog dele, na Internet, uma última anotação datada das 5 horas da tarde em que o crime foi cometido. Dizia ele: “Ainda há pouco, às 3 horas, tocaram a campainha, e era o chato do Jin Lin, ex-namorado de Sharon, que pediu para ficar esperando por ela. Agora o cara está lá embaixo, fumando e andando de um lado para o outro, e eu não estou gostando nada disso”. Procurado pela polícia, Jin Lin negou que tivesse ido à casa das vítimas. Mas é aquela coisa – bastaram um apertinho e o testemunho da vítima para ele admitir que esperou a moça chegar, brigaram, e ele acabou matando os dois.

Vi a história no jornal e fui lá no Blog do cara (quem quiser conferir, é em: http://www.xanga.com/item.aspx?user=ToTo247&tab=weblogs&uid=261268578). Por ser um caso real, é comovente você ler as últimas palavras que um sujeito de 19 anos escreveu poucos minutos antes de ser morto a facadas. Quando olhei hoje no Blog, havia 255 comentários a este derradeiro “post” do garoto, a maior parte deles com mensagens de “R.I.P.” (Descanse em Paz).

Já falei aqui sobre o que Kurt Vonnegut Jr. chama de “wampeters”, objetos que tornam-se o ponto focal da atenção e das emoções de pessoas que não se conhecem entre si. A Internet pode fabricar essas coisas da noite para o dia, pela multiplicidade e instantaneidade das conexões (em forma de email e de chats). Pode também criar situações imaginárias e ver como as pessoas reagem a elas; fazer uma espécie de laboratório sociológico ao vivo e em tempo real, para avaliar tendências de idéias e de comportamento.

Alguns anos atrás, alguém me mandou uma URL indicando uma notícia num jornal americano sobre um viajante do Tempo que tinha sido preso pela polícia em Nova York. Fui lá, vi as fotos, li a matéria: o sujeito tinha vindo numa máquina do tempo e estava deixando a polícia perplexa com uma série de pequenas predições sobre fatos irrelevantes, que provavam sem sombra de dúvida que ele sabia o que ia acontecer nos dias seguintes a sua prisão. Pulei para umas três homepages diferentes, mandei o endereço para alguns amigos, até que de repente parei – e pensei: “Rapaz, tu tás ficando maluco? Viajante no Tempo?!” Durante meia-hora, o poder da Internet me convenceu. (O fato de eu já ter lido mil livros sobre viagens no Tempo deve ter ajudado um pouco)

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