sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

1643) Um Brasil paraguaio (18.6.2008)




Estou rezando para que o Brasil não se classifique para a Copa do Mundo – e pelo que a Seleção tem jogado, minhas preces serão atendidas sem tardança. Não é por nada. É porque quando vejo nosso time e vejo a Holanda comendo a bola na Eurocopa (3x0 na Itália, 4x1 na França...), meu medo é que na Copa a gente pegue a “Laranja Mecânica” pela frente e sofra uma daquelas “lavagens” de ficar na História, coisa de 6 ou 7x0. Nas eliminatórias, até agora, o Brasil só jogou uma boa partida, quando goleou o Equador por 5x0 no Maracanã. Belo resultado para o “melhor time do mundo”, não é mesmo? Há muito tempo que a Seleção está se transformando num timezinho doméstico, que só joga diante da própria torcida. Parece o Flamengo. Nos campos adversários ela se encolhe, se apequena, e a Comissão Técnica repisa a surrada conversa, típica de time de segunda, de que “o empate lá dentro é um bom resultado”.

Espero que estas minhas palavras sejam exemplarmente desmentidas no jogo de agora, contra a Argentina. Até porque vamos jogar em casa, e contra um adversário que nos últimos anos amarelou sistematicamente contra nosso time. Ainda assim, não vejo como ter muitas esperanças. A rigor, o futebol brasileiro hoje em dia só tem três craques: Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Robinho. O santo dos dois primeiros não cruza com o santo do técnico Dunga, isso é claro e evidente. Dunga até hoje não digeriu o lençol que Ronaldinho lhe aplicou num Gre-Nal, anos atrás – e tem razão, porque foi um lençol humilhante, dado por um garoto-revelação em cima do homem que ergueu a Copa do Mundo. O time do Brasil fica, assim na dependência de jogadores como Josué, Julio Baptista, Anderson, Diego, Luís Fabiano... Atletas que seriam ótimos para reforçar a atual equipe do Treze, mas que, vestidos com a camisa da Seleção, soletram a palavra “e-n-t-r-e-s-s-a-f-r-a” com todas as letras.

O jogo de domingo em Assunção pareceu roteirizado pelos inimigos de Dunga, porque nunca as limitações do técnico foram tão evidentes. O Brasil entrou para se defender, rezando para que o Paraguai não furasse sua retranca. Só chutou uma bola no primeiro tempo. No segundo, o Paraguai teve um jogador expulso e ainda assim fez 2x0 com o gordo Cabañas, o carrasco do Flamengo e do Santos. Dunga pôs em campo todos os atacantes de que dispunha. Eram tão numerosos que não se conheciam uns aos outros, a julgar pela sua visível relutância em trocar passes e fazer lançamentos.

Sem craques, sem técnico, sem esquema, o Brasil deve comemorar se se classificar para a Copa de 2010, a qual, aliás, já pode dar por perdida, pois é cada vez mais provável que a de 2014 seja nossa. “Eles” não nos deixarão ganhar duas Copas seguidas, e ao que parece a CBF concorda. Vide o futebol que temos apresentado nas Eliminatórias e nos amistosos; vide o perfil atual da Seleção. Eu vou ali dar um cochilo, e quando começar o primeiro jogo de 2014 vocês me acordem.

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