A
mesa do banquete era tão longa
que
o meu assento estava na cozinha.
Havia
caviar, faisão, vitualhas tantas...
Eu
me servi cerveja, e moela com farinha.
De
longe eu via o mundo e seus senhores,
tanto
maiores quanto mais distantes,
e
mesmo estes, os que eu avistava,
deviam
estar nos ombros de gigantes.
Uma
orquestra tocava, e não se via
se
nos vinha do chão, ou se do céu.
Entre
nós desfilavam bailarinas
invisíveis:
o corpo era o seu véu.
Olhei
meu prato. Estava sempre cheio.
E
o copo mais pesado que um navio.
Tudo
oscilava, os pêndulos, os lustres,
saltimbancos
saltavam no vazio.
Havia
riso, havia amor sem conta,
como
corrente de eletricidade
acendendo
um clarão de ponta a ponta
dessa
mesa maior que uma cidade.
Eu
me servi do quanto estava exposto.
Do
que tinha o direito, e tive a chance,
tudo
eu provei, de tudo tive o gosto,
tudo
foi meu que estava ao meu alcance.
E
a mesa se alongou, e alongou tanto
que
de repente eu me encontrei na rua.
Saciado
de festas e de encantos,
voltei
a pé. E a mesa continua.


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