segunda-feira, 1 de junho de 2020

4585) 10 desaparecimentos (1.6.2020)




1
Amélio Barata, português, 35 anos, escriturário. Desapareceu no Rio de Janeiro, onde morava. Foi visto pela última vez saindo de carro da garagem do prédio onde trabalhava, às 18:12 de um dia corriqueiro, e não se soube mais dele. Até que, em 1996, quase quinze anos depois, o carro foi identificado como um dos muitos carros semi-destruídos na explosão de um caminhão-gaiola que ia do Rio para São Paulo, capital. O próprio dono havia assinado os papéis do transporte, mas não apareceu nem pôde ser localizado no endereço fornecido. Depois deste sinal de vida, não houve mais nenhum.

2
Deborah Winterslip, 43 anos, morava em Milwaukee (EUA) em 1971, e numa noite de sexta-feira estava com o marido recebendo dois casais de amigos para jantar, em seu apartamento. Enquanto os outros bebiam na sala ela foi à cozinha providenciar algo e demorou a voltar. O marido foi procurá-la, não achou. Ninguém na portaria a viu sair, os vizinhos não ouviram nada, não havia motivo aparente para que ela saísse sem dar explicações, nenhum telefonema inesperado, nenhuma discussão. Em 1983 ela foi encontrada sentada nos degraus de entrada no mesmo prédio, sem documentos, com a mesma roupa que usava naquela noite, envelhecida, doente, sem memória de nada.


3
Chad Evelyn, 48 anos, motorista de aluguel, caminhoneiro, nasceu no Arkansas, trabalhou em Detroit, passou alguns anos no México, voltou para a Califórnia, e de lá mudou-se para Austin, Texas. A última imagem que se tem dele é a de sua chegada no aeroporto local, com duas ou três malas. Não se sabe se alguém foi buscá-lo ou se pegou táxi. Desapareceu em algum vazamento do universo, desde a tarde de 28 de novembro de 1995. Oito anos depois, alguém usando seu nome escreveu uma série de cartas bizarras que foram publicadas na Seção de Cartas do American Statesman local, mas somente em 2011 isto chamou a atenção de um policial aposentado. Buscas foram feitas, sem resultado.

4
Zimbauê Sales, doméstica, 31 anos, do Recife, entrou para um grupo musical como percussionista e cinco anos depois estava tocando em festivais de verão na Europa. Viajava durante dois ou três meses, depois voltava para casa. Tocou com as principais bandas do Nordeste mas, fora ensaios e shows, estava sempre em casa cuidando das quatro filhas, que dividiam com ela todas as tarefas. Quando viajava, a mãe cuidava das filhas. Tudo estava bem até uma noite em Estocolmo em que ela parou de tocar, de repente, e ausentou-se do palco. A banda estranhou, mas teve que continuou tocando, e no final do show ela não estava no camarim, nem no teatro, nem no hotel, nem em Estocolmo. A banda voltou para o Brasil, depois de adiar a viagem por duas vezes. A polícia sueca continua investigando.


5
Julia Borges de Santana, 38 anos, escriturária, São Paulo. Após o encerramento de uma reunião na firma onde trabalhava, num sexto andar, todos desceram no elevador, menos Julia, pois a cabine estava muito cheia e ela disse: “Desçam vocês, eu desço em seguida”. Os colegas desceram, o elevador voltou a subir e eles ficaram à espera. O elevador desceu, novamente, mas estava vazio. Eles esperaram. Depois, dois deles subiram para ver a razão da demora. Não a encontraram, e a polícia também, nos meses que se seguiram. Revistaram o poço do elevador, todos os escritórios (que estavam fechados àquela hora, pois passava das 22:00), o pátio dos fundos, as laterais, a calçada. Julia nunca mais foi vista.

6
Homem não identificado, aparentando 50 anos, bem vestido. Entrou por volta das 16 horas numa livraria de livros usados em Montreal (Canadá). Depois de examinar as estantes durante cerca de meia hora, sem conversar com ninguém, ele levou dois livros ao balcão, pagou em dinheiro, recebeu o troco e antes de sair perguntou se poderia usar o banheiro, que ficava do lado de dentro do balcão. Entrou lá, e meia hora depois, como demorou a sair, o balconista bateu na porta, perguntando se precisava de alguma coisa. Sem resposta, a porta foi aberta, e não se viu sinal do cliente. O banheiro tinha apenas uma minúscula janela de basculante, por onde nem sequer uma criança poderia ter saído. O balconista não havia saído dali nem por um instante. Dois outros clientes estavam lá desde o momento em que ele entrou no banheiro. Os livros que ele comprou não foram encontrados. O balconista, nervoso, não lembra dos títulos.


7
Henry Leeworth, 46 anos, taxista, em Londres. Desapareceu ao dirigir o próprio táxi, com um passageiro no banco de trás, por volta das 19 horas de uma quinta-feira, em agosto de 1972, nas proximidades do Embankment. O táxi ficou retido num engarrafamento. O passageiro deu um cochilo de menos de um minuto (garante ele) e quando acordou o motorista não estava mais ao volante, embora o motor continuasse ligado. Ele imaginou que o outro tivesse descido para examinar os pneus. O motorista não voltou. Um guarda veio ver o que tinha acontecido, quando o tráfego voltou a fluir. O passageiro prestou vários depoimentos, todos idênticos, todos perplexos, nas semanas seguintes. A viúva (?) vendeu o táxi.

8
Colette Mazolle, 26 anos, estudante universitária, Paris. Mudou-se em outubro de 1998 para o apartamento que iria dividir com uma amiga no Faubourg St. Germain. As duas compraram alguns móveis, levaram malas e roupas e livros, e já estava tudo quase pronto para começarem a morar oficialmente. Colette foi ao apartamento pela manhã, para deixar a TV que os pais deram de presente, e voltou a sair. A amiga, Simone Mazzarello, 28 anos, saiu também para assinar documentos. Voltou duas horas depois para deixar lá algumas compras e viu que absolutamente tudo de Colette havia desaparecido: móveis, livros, roupas, papéis, objetos pessoais, artigos de higiene, a TV. Ninguém no prédio viu nada sendo levado embora (era um apartamento de terceiro andar, sem elevador). Não havia bilhete ou qualquer explicação, e Colette nunca mais foi vista.



9
Miranda Lethering, 6 anos, de Edinburgh. Desapareceu durante uma visita guiada a um museu de arte local, onde estava na companhia de mais dezoito coleguinhas e três professoras. A certa altura da visita, ainda no interior do museu, as professoras deram por falta da garota, que momentos antes estava admirando um sarcófago egípcio. Revistou-se o museu inteiro durantes horas, bem como as ruas vizinhas; o próprio sarcófago chegou a ser aberto naquela noite, por insistência das mestras, mas até hoje não se tem notícias da menina. Isto ocorreu em 1962.

10
Oito pessoas, homens e mulheres, com idades entre 22 e 67 anos, desapareceram durante um voo internacional direto, entre Nova York e Londres, em alguma data de novembro de 1993. O Boeing da BOAC decolou do aeroporto norte-americano com 185 pessoas a bordo e pousou na manhã seguinte em Heathrow com apenas 177. Durante o voo, os comissários percebiam de vez em quando alguma poltrona, antes ocupada, agora vazia, mas o avião tinha vários lugares desocupados e trazia mais de cinquenta componentes de uma orquestra, que mudavam de assento com frequência, para conversar. As oito pessoas desaparecidas não tinham relação com a orquestra: eram dois casais, e quatro passageiros que viajavam sozinhos. A presença de todos durante o voo foi confirmada pelos comissários. O voo era direto, sem escalas. Nada se soube deles daí em diante. A companhia aérea abafou o caso.











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