1
Amélio
Barata, português, 35 anos, escriturário. Desapareceu no Rio de Janeiro, onde
morava. Foi visto pela última vez saindo de carro da garagem do prédio onde
trabalhava, às 18:12 de um dia corriqueiro, e não se soube mais dele. Até que,
em 1996, quase quinze anos depois, o carro foi identificado como um dos muitos
carros semi-destruídos na explosão de um caminhão-gaiola que ia do Rio para São
Paulo, capital. O próprio dono havia assinado os papéis do transporte, mas não
apareceu nem pôde ser localizado no endereço fornecido. Depois deste sinal de
vida, não houve mais nenhum.
2
Deborah
Winterslip, 43 anos, morava em Milwaukee (EUA) em 1971, e numa noite de
sexta-feira estava com o marido recebendo dois casais de amigos para jantar, em
seu apartamento. Enquanto os outros bebiam na sala ela foi à cozinha
providenciar algo e demorou a voltar. O marido foi procurá-la, não achou. Ninguém
na portaria a viu sair, os vizinhos não ouviram nada, não havia motivo aparente
para que ela saísse sem dar explicações, nenhum telefonema inesperado, nenhuma
discussão. Em 1983 ela foi encontrada sentada nos degraus de entrada no mesmo
prédio, sem documentos, com a mesma roupa que usava naquela noite, envelhecida,
doente, sem memória de nada.
3
Chad
Evelyn, 48 anos, motorista de aluguel, caminhoneiro, nasceu no Arkansas,
trabalhou em Detroit, passou alguns anos no México, voltou para a Califórnia, e
de lá mudou-se para Austin, Texas. A última imagem que se tem dele é a de sua
chegada no aeroporto local, com duas ou três malas. Não se sabe se alguém foi
buscá-lo ou se pegou táxi. Desapareceu em algum vazamento do universo, desde a
tarde de 28 de novembro de 1995. Oito anos depois, alguém usando seu nome
escreveu uma série de cartas bizarras que foram publicadas na Seção de Cartas
do American Statesman local, mas
somente em 2011 isto chamou a atenção de um policial aposentado. Buscas foram
feitas, sem resultado.
4
Zimbauê Sales,
doméstica, 31 anos, do Recife, entrou para um grupo musical como percussionista
e cinco anos depois estava tocando em festivais de verão na Europa. Viajava
durante dois ou três meses, depois voltava para casa. Tocou com as principais
bandas do Nordeste mas, fora ensaios e shows, estava sempre em casa cuidando
das quatro filhas, que dividiam com ela todas as tarefas. Quando viajava, a mãe
cuidava das filhas. Tudo estava bem até uma noite em Estocolmo em que ela parou
de tocar, de repente, e ausentou-se do palco. A banda estranhou, mas teve que continuou
tocando, e no final do show ela não estava no camarim, nem no teatro, nem no
hotel, nem em Estocolmo. A banda voltou para o Brasil, depois de adiar a viagem
por duas vezes. A polícia sueca continua investigando.
5
Julia
Borges de Santana, 38 anos, escriturária, São Paulo. Após o encerramento de uma
reunião na firma onde trabalhava, num sexto andar, todos desceram no elevador,
menos Julia, pois a cabine estava muito cheia e ela disse: “Desçam vocês, eu
desço em seguida”. Os colegas desceram, o elevador voltou a subir e eles
ficaram à espera. O elevador desceu, novamente, mas estava vazio. Eles
esperaram. Depois, dois deles subiram para ver a razão da demora. Não a
encontraram, e a polícia também, nos meses que se seguiram. Revistaram o poço
do elevador, todos os escritórios (que estavam fechados àquela hora, pois
passava das 22:00), o pátio dos fundos, as laterais, a calçada. Julia nunca
mais foi vista.
6
Homem não
identificado, aparentando 50 anos, bem vestido. Entrou por volta das 16 horas
numa livraria de livros usados em Montreal (Canadá). Depois de examinar as
estantes durante cerca de meia hora, sem conversar com ninguém, ele levou dois
livros ao balcão, pagou em dinheiro, recebeu o troco e antes de sair perguntou
se poderia usar o banheiro, que ficava do lado de dentro do balcão. Entrou lá,
e meia hora depois, como demorou a sair, o balconista bateu na porta,
perguntando se precisava de alguma coisa. Sem resposta, a porta foi aberta, e
não se viu sinal do cliente. O banheiro tinha apenas uma minúscula janela de
basculante, por onde nem sequer uma criança poderia ter saído. O balconista não
havia saído dali nem por um instante. Dois outros clientes estavam lá desde o
momento em que ele entrou no banheiro. Os livros que ele comprou não foram
encontrados. O balconista, nervoso, não lembra dos títulos.
7
Henry Leeworth,
46 anos, taxista, em Londres. Desapareceu ao dirigir o próprio táxi, com um
passageiro no banco de trás, por volta das 19 horas de uma quinta-feira, em
agosto de 1972, nas proximidades do Embankment. O táxi ficou retido num
engarrafamento. O passageiro deu um cochilo de menos de um minuto (garante ele)
e quando acordou o motorista não estava mais ao volante, embora o motor
continuasse ligado. Ele imaginou que o outro tivesse descido para examinar os
pneus. O motorista não voltou. Um guarda veio ver o que tinha acontecido,
quando o tráfego voltou a fluir. O passageiro prestou vários depoimentos, todos
idênticos, todos perplexos, nas semanas seguintes. A viúva (?) vendeu o táxi.
8
Colette
Mazolle, 26 anos, estudante universitária, Paris. Mudou-se em outubro de 1998
para o apartamento que iria dividir com uma amiga no Faubourg St. Germain. As
duas compraram alguns móveis, levaram malas e roupas e livros, e já estava tudo
quase pronto para começarem a morar oficialmente. Colette foi ao apartamento
pela manhã, para deixar a TV que os pais deram de presente, e voltou a sair. A
amiga, Simone Mazzarello, 28 anos, saiu também para assinar documentos. Voltou
duas horas depois para deixar lá algumas compras e viu que absolutamente tudo
de Colette havia desaparecido: móveis, livros, roupas, papéis, objetos
pessoais, artigos de higiene, a TV. Ninguém no prédio viu nada sendo levado
embora (era um apartamento de terceiro andar, sem elevador). Não havia bilhete
ou qualquer explicação, e Colette nunca mais foi vista.
9
Miranda
Lethering, 6 anos, de Edinburgh. Desapareceu durante uma visita guiada a um
museu de arte local, onde estava na companhia de mais dezoito coleguinhas e
três professoras. A certa altura da visita, ainda no interior do museu, as
professoras deram por falta da garota, que momentos antes estava admirando um
sarcófago egípcio. Revistou-se o museu inteiro durantes horas, bem como as ruas
vizinhas; o próprio sarcófago chegou a ser aberto naquela noite, por
insistência das mestras, mas até hoje não se tem notícias da menina. Isto
ocorreu em 1962.
10
Oito
pessoas, homens e mulheres, com idades entre 22 e 67 anos, desapareceram
durante um voo internacional direto, entre Nova York e Londres, em alguma data
de novembro de 1993. O Boeing da BOAC decolou do aeroporto norte-americano com
185 pessoas a bordo e pousou na manhã seguinte em Heathrow com apenas 177.
Durante o voo, os comissários percebiam de vez em quando alguma poltrona, antes
ocupada, agora vazia, mas o avião tinha vários lugares desocupados e trazia
mais de cinquenta componentes de uma orquestra, que mudavam de assento com
frequência, para conversar. As oito pessoas desaparecidas não tinham relação
com a orquestra: eram dois casais, e quatro passageiros que viajavam sozinhos. A
presença de todos durante o voo foi confirmada pelos comissários. O voo era
direto, sem escalas. Nada se soube deles daí em diante. A companhia aérea abafou
o caso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário