(“Catatau”, 3ª. edição, Curitiba, Travessa
dos Editores, 2004)
“Sempre se consegue pôr
o que tenha que ser assim em palavras que a gente trazia aqui dentro, que não
se sabiam lá, isto é, hoje não me consigo fazer entender.” (p. 125)
“Só porque uma coisa
se assemelha a uma vizinha, o mais provável é que todas as demais coisas se
pareçam com ela ou é mais provável que as ditas coisas difiram muito dela?
Falamos de ambas as coisas, porém diferentes no modo de agir, iguais em tudo,
menos em todo o resto e, como se isso não bastasse, ainda por cima, simples
variantes de uma variedade maior: estamos falando de duas coisas diferentes
sobre o mesmo assunto.” (p. 141-142
“É assim que as coisas significam? Mas então
papai mentiu, mamãe corrigiu errado, vovô voou, titio avestruza a cabeça no
buraco do tatu.” (p. 200)
“De tanto fazer tudo
fazer tanto, fez-se como tanto faz.” (p. 127)
“Interrompemos nossa
programação para dar margem a um apelo. Babel, urgente. Precisa-se de um
poliglota, paga-se regiamente. Agora só falta batizar de Baltazar o rei desta
Babel, até os limites extremos de sua incompetência, quando será coroado,
prêmio de serviços inadiáveis, administrando fatalidades.” (145)
“Alta a sombra das
bandeiras sobre as covas rasas.” (p. 252)
“De qualquer forma, já
que eu não me salvo, vou dar o máximo de oportunismos ao meu desespero.” (p.
76)
“Fedo sangrando,
lacrimo, durmo, acordo e desmaio.” (p. 86)
“Mais carinho,
trata-se do mundo, uma máquina cuja peça principal é minha cabeça!” (p.
148-149)
“O futuro vem de fora.
Dentro está que é uma atualidade só.” (p. 244)
“Só continuar não
basta: outros verbos mais capazes, conspirar, infiltrar-se!” (p. 242)
“Mas advirta que a
tortura não deve chegar aos ossos, osso já não é gente.” (p. 129)
“O ladrão tirando
quase tudo, e deixando tudo no lugar.” (p. 251)
“Ao desertor, os
desertos!” (p. 173)
“Cartésio. Nosso homem
em Brasília. Dizer que fui quase cartuxo, o fantoche.” (p. 251)
“Não tem cara de quem
sabe o que diz, dirá assim só para não saltar a vez?” (p. 104)
“Atira e retira o
tiro?” (p. 178)
“Chancela e depois
cancela, isso cansa.” (p.148)
“O bicho de sete
cabeças tem o entendimento meio mal distribuído.” (p. 114)
“Cara que brisa de
Brasília baforou, nem quem me enfarofou.” (p. 131)
“A máscara está na cara, só não vê quem não
usa!” (p. 105)
“Para bem entender, meia palavra não é de
bosta nenhuma, bom entendedor faz o que bem entender.” (p. 132)
“Já, mas não ainda.”
(p. 252)
“O passado, mais perto
que o supunha” (p. 139)
“Vivemos procurando
soluções apocalípticas para questões da alçada do bom senso.” (p. 240)
“Chegou mais rápido
que uma coincidência.” (p. 254)
“Saber não basta,
carece corromper, comprometer e ameaçar o que existe. Para isso, parece que
esse mundo é bom.” (p. 87)
“Paz, pelo jeito,
ninguém aqui está querendo, não está vendo?” (p. 134)
“Quem for valente que se levante: ao vigilante
só se surpreende suprimindo-o.” (p. 136)
“O único subterfúgio é não se deixar envolver,
e procurar refúgio num desses labirintos que vêm vindo aí com cara de poucos
amigos: neste!” (p. 143)
“Adeus, capitão!
Partam sossegados, intercederei por vós lá no céu, e apontou para o alto, donde
em pleno gesto escorre o raio que o fulmina.” (p. 145)
“Ainda que me
pergunte: caiu em si e não voltou pra o convívio alheio?” (p. 87)
“Algum tanto estive
prestes, mediterrâneo entre um lugar comum e um posto avançado, a reanimar com
acenos de alimentos uns restos de entusiasmos desfeitados pela intervenção de
contratempos.” (p. 131)
“Como os vivos riem
forte dos mortos!” (p. 183)
“Posso querer ir aí e falar
isso, penso que sei mas falando substituo minha certeza pelos azares da
comunicação.” (p. 138)
“Uns catiripapos, e a
criatura fica parecida com a caricatura.” (p. 144)
“Por aqui, Alteza,
cuidado a viga, o vigia não tem mais onde pôr os olhos senão conosco, juro que
não conosco, pela luz que lá em cima nos alumiou, poupe-me o vexame, vê lá o
que faz, assim não ingrassaremos em Praga a tempo de desvendar a defenestração
impedir o trânsito e interromper a metamorfose, a ejaculação precoce e o
enterro prematuro”. (p. 160)
“Amanhã cedo, todos nós, amanhecendo, nos
conheceremos.” (p. 253)
Um comentário:
Arretado! Um conjunto de pérolas. Esta daqui caberia tranquilamente a Nostradamus! Parece um país que conheço. kkk
“Interrompemos nossa programação para dar margem a um apelo. Babel, urgente. Precisa-se de um poliglota, paga-se regiamente. Agora só falta batizar de Baltazar o rei desta Babel, até os limites extremos de sua incompetência, quando será coroado, prêmio de serviços inadiáveis, administrando fatalidades.” (145)
Postar um comentário