(ilustração: Paul Sandby)
O
cinema foi uma novidade tecnológica que desembarcou no Brasil nos primeiros
anos do século 20 e foi se espalhando. Nas cidades maiores, acho,
estabeleciam-se perto dos teatros, por precisar de salas semelhantes. Mas, pelo
Brasil afora, onde houvesse feira, quermesse, parque de diversões, espetáculos
populares, tômbolas, rifas, pavilhões de jogos, iam surgindo as primeiras
tendas ou salinhas de projeção, atraídas pela força gravitacional dessas
diversões baratas. Era o mesmo público,
o mesmo espírito, o mesmo preço.
O
que às vezes não lembramos é que o cinema foi precedido por projeções das
Lanternas Mágicas e dos variados “...scópios” da época, que lidavam com imagens
fixas, transparentes, coloridas, projetadas em grande tamanho em parede ou
tela.
Em sua saborosa História da Cidade do Natal (1947, pags. 265-266),
Câmara Cascudo lembra o fenômeno no Rio Grande do Norte:
“Havia o Cosmorama, vistas de cidades e costumes através de um vidro de aumento. Divertimento caro. Um tostão. Os melhores, vindos em 1888, exigiam quinhentos réis de entrada na Praça da Alegria. Depois apareceu a Lanterna Mágica, paisagens, figuras, cenas substituídas com relativa rapidez pela máquina. Ia muita gente boa, bem vestida, comentando o ‘espetáculo’”.
E
depois:
“Em 1906 Natal viu e gostou das descobertas sensacionais. Em abril o sr. Arlindo Costa com o Bioscópio, no teatro Carlos Gomes, vistas fixas e outras com movimento. Por exemplo – o Hotel Mal Assombrado. Em novembro veio Moura Quineau com uma máquina moderna. Quase cinema. O ‘Álbum Maravilhoso’ era um assombro. Em 1911 o primeiro cinema na praça Augusto Severo, Politeama, nome escolhido por eleição popular pelas página d’A República”.
No
fim deste século, lá por 2090, quando forem escritas as histórias dos
videogames, serão lembradas as máquinas de fliperamas, joguinhos de “arcade” e
outras que já foram (ainda são um pouco) tão comuns em rodoviárias, aeroportos,
galerias, shopping-centers, etc.
Diversões populares ao preço de uma fichinha, que vão aos poucos sendo
substituídas por seus primos tecnológicos mais aperfeiçoados.
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