terça-feira, 20 de julho de 2010

2292) Espanha campeã (13.7.2010)



(foto: Dani Pozo)

A Espanha tornou-se campeã do mundo num jogo que não chegou a ser um dos melhores da Copa (a final raramente o é). Um fã do futebol, independentemente do time por que torce, gosta de ver acima de tudo um grande jogo, de futebol bonito, com um resultado justo no final. Às vezes um grande jogo não tem um futebol bonito. Torna-se grande pelos seus contornos trágicos ou dramáticos, pelo conflito humano que se desenrola em campo, pelas alternativas que em questão de minutos levam uma equipe do céu ao inferno. O jogo em si pode ser um bumba-meu-boi de chutões e trombadas, mas torna-se grande pela emoção que provoca.

Espanha 1x0 Holanda ficou num meio termo. Não teve a dramaticidade da disputa pelo 3o. lugar, em que a Alemanha venceu o valente Uruguai por 3x2, com duas viradas no placar e bola na trave no derradeiro lance. Se a história dessa partida tivesse ocorrido entre espanhóis e holandeses, aí sim, teria sido uma das maiores finais de todos os tempos. O que houve no domingo foi um jogo disputado, mas num 0x0 que se prolongou até os 117 minutos. Não que os times não criassem chances. Pelas oportunidades que tiveram, poderia perfeitamente ter sido um jogo de 2x2, decidido com um gol na prorrogação. Refletiria melhor o que foi realizado em campo, e seria um prêmio para o esforço dos dois. A vitória espanhola foi justa, porque a Holanda desolandizou-se, recuou, ficou descendo o sarrafo (fez algumas faltas desclassificantes, que nunca vi numa final de Copa) e esperando o contra-ataque. Sou fã histórico da Holanda, mas este time, francamente, não mereceu ganhar, e felizmente não ganhou.

Ganhou a Espanha, que tem um talento enorme para envolver taticamente o adversário no jogo coletivo, e superá-lo tecnicamente nas disputas individuais; mas tem dificuldade para liquidar a partida. Fica como um toureiro que passa a tarde cravando bandarilhas no touro e não puxa a espada. A Holanda teve dois lances isolados de Robben frente a frente com Casillas; o goleiro e a Justiça Divina prevaleceram. Seria um castigo imerecido o time espanhol perder um jogo como esse nos pés de um jogador que não é craque (é apenas um bom jogador como vimos dezenas nesta Copa), e é um jogador cai-cai, que em vez de decidir a jogada prefere sofrer a falta e passar a responsabilidade para um companheiro. Não gosto de jogador assim.

Iniesta, que não é goleador mas é craque, fez uma partida como altos e baixos mas acabou sendo o autor do gol do título. A Espanha jogou com coração e fibra, com talento e calma; não perdeu a cabeça nem nos momentos mais difíceis. Não foi um grande jogo; não deve ter sido um dos dez melhores jogos da Copa. Mas teve o desenho épico de uma final, em que cada chance perdido, cada defesa, cada lance decisivo é ampliado um bilhão de vezes pelas lentes ciclópicas da mídia. É bonito a gente poder sentar no sofá e ver ao vivo um capítulo da História acontecer diante de nós. Eu vi e gostei. Arriba, España!

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