A “capital literária do mundo”, Paris, recebeu uma leva de
escritores dos EUA no entre-guerras (Hemingway, Miller, Gertrude Stein, etc.) e
outra após a II Guerra Mundial. Esta última é o foco do livro Paris Interzone
– Richard Wright, Lolita, Boris Vian and others on the Left Bank 1946-1960
(1994) de James Campbell, jornalista escocês autor de uma biografia de James
Baldwin, um dos personagens do livro. Campbell acompanha os escritores negros
expatriados em Paris, onde encontravam ambiente para a discussão política e
literária, além de serem tratados com um respeito que não tinham nos EUA. Richard Wright (Native Son),
Chester Himes (Cast the First Stone), William Gardner Smith (South Street),
o cartunista Ollie Harrington e James Baldwin, que na época trabalhava em seu
primeiro romance Go Tell It on the Mountain.
Vários eram investigados pelo FBI por atividades políticas
(Wright tinha sido membro do Partido Comunista dos EUA), mas Campbell se detém
nas discussões literárias e raciais. Esses autores brigavam entre si por
divergências literárias, paranóia de estarem sendo espionados ou inveja do
sucesso ou das amizades uns dos outros. E todos tentando publicar em inglês na
França.
Surge aí o outro eixo do livro: as revistas vanguardistas da
época, em língua inglesa. Periódicos como Merlin, que entre 1952-54 publicou
Beckett, Sartre, Miller e outros, Zero, Points e a Paris Review, que se
tornou a mais famosa. No meio delas surge Maurice Girodias, divertida mistura
de espertalhão e bon-vivant, dono da Olympia Press, que publicou inúmeras obras
pornográficas e livros “malditos” como Os 120 Dias de Sodoma (Sade), além de
lançar as edições originais de clássicos como Lolita (Nabokov), Naked Lunch
(William Burroughs), A História de O (Pauline Rèage), Plexus (Henry Miller)
e outros.
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