(foto: Niur)
Segundo Edgar Allan Poe, não existe nada codificado por uma
mente humana que outra mente humana não possa descodificar. Dizer que uma urna eletrônica é à prova de
hackers é como dizer que um ônibus espacial é à prova de acidentes. Mas não há dúvida de que a era vídeo-eletrônico-digital
deu ao pessoal das teorias da conspiração um combustível em expansão
proporcional à da Internet. Uma dessas manias é achar que tudo que é eletrônico
está sendo manipulado, pelo simples fato de poder ser manipulado sem deixar
rastros materiais visíveis.
Votação em urnas eletrônicas são uma coisa ainda muito
vulnerável, muito rudimentar. Minha suposição é de que um dia em vez de Título
Eleitoral, Identidade e CPF teremos uma combinação de chipes subcutâneos
(turbinados com o auxílio de drogas injetáveis periódicas) que captarão todas
as nossas reações a tudo que estivermos recebendo em bio-wifi: noticiário ou
futebol, canais de música online, de notícia, de opinião... Será através dessa
interface permanente que nos comunicaremos, recitando SMSs em voz baixa,
fazendo transferências bancárias, criptofirmando documentos, autografando o
reconhecedor-vocal de algum fã.
Isto (vejam a sutileza!) irá compondo aos poucos nossos
votos. Quando estivermos todos assim, não precisaremos mais votar. Os candidatos disputarão o eleitorado
apresentando um cartel de propostas, recursos, e assinalando (num mutirão de
uma semana com sua equipe) suas respectivas opções em, sei lá, 1.423 itens
fornecidos pela Gerência Eleitoral. Os
itens refletem todas as variáveis de comportamento da população que estão sendo
captados via os mencionados chips, etc.
A soma de todas as nossas reações emocionais e instintivas ao longo do
dia vai sendo computada (temos com isso um substancial desconto de Imposto de
Renda) e constitui o nosso voto.
Um comentário:
Há um conto bem legal de Asimov sobre as eleições para presidente no futuro, nos Estados Unidos, onde somente uma pessoa vota representando todos os outros cidadãos.
Abraços
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