sexta-feira, 15 de março de 2013

3134) Contracapa de Kobo (15.3.2013)





&  quando ele abriu o guarda-chuva desabou lá de dentro o maior toró  &  dizem que para acabar todas as guerras bastaria desativar meia dúzia de preposições  &  plantei um botão e nasceu um cabide, plantei uma ratoeira e nasceu um Banco 24 Horas  &  um dia os livros deixarão de ser assinados e serão lidos como se come uma fruta, uma coisa que ninguém fez  &  estou organizando uma máfia do bem, para fazer boas ações às escondidas  &  não existe nada mais ofensivo do que ser considerado um cara inofensivo  &  um dia consiste em seis horas de treva, doze de luz, e seis de treva de novo  &  do jeito que a coisa vai, os shoppings vão começar a cobrar pedágio em escada rolante  &  um marca-passo para o cérebro não seria má idéia  &  confessionários com alçapões, cuja mola o padre aperta se o pecado é muito feio  &  um dia, não existirá na superfície da Terra outra coisa senão oceanos e cidades  &  uma câmara de vigilância em cada esquina, em cada portaria, em cada porta, em cada testa  &  não ganho nada em falar mal da velhice, uma vez que é para lá que estou indo  &  ter a humildade de um PhD que se dedica a estudar helmintos  &  quando a gente finalmente entende uma coisa, quer dizer que ela acabou  &  na dúvida, grite: “você não passa de um lamelibrânquio!”, e saia correndo  &  não é a outra volta do parafuso, é o último aperto do garrote vil  &  tem político tratando cartão de crédito como se fosse o controle remoto de Deus  &  melhor fechar essa janela e pintar outra paisagem pelo lado de dentro  &  a boa pergunta já mostra a direção da resposta  &  toda dança ou é uma sublimação do sexo ou é uma preparação para ele  &   se o mundo fosse um lugar justo, choveriam bigornas de vez em quando  &  este livro deveria se intitular “Melhores Momentos de um Naufrágio a Longo Prazo”  &  quando o telefone toca, tanto pode ser a ressurreição quanto a guilhotina  &  toda estatística é uma foto desfocada de uma situação  &  estoicismo não é apenas suportar a dor, é também menosprezar o prazer  &  a vida é um suicídio a prestações auto-renováveis  &  tem sujeito tão burro que uma lobotomia o deixaria mais inteligente  &  quem esquece o seu passado está condenado a nunca sair dele  &  a arte de criar passarinhos em gaiolas abertas  &  houve um tempo em que sacolejar em carruagem era o ponto alto do conforto  &  nunca é cedo demais para dormir até mais tarde  &  se eu tivesse um milhão de dólares, ficaria motivado apenas a ganhar o meu próximo milhão de dólares  &  enquanto a banda tocar é sinal que o navio ainda não afundou  &  o melhor lugar para se esconder da polícia é na cadeia  & 



Um comentário:

CORINTIANO VOADOR disse...

Havia um livro (sei, porque me foi presenteado e, vá lá, li). Bem, o livro era um desses, aí, manuais de esoterismo (tá certo, esoterismo?). Tá, mas tinha o livro e o livro ensinava a criar métodos divinatórios. Tinham títulos: Esquema 1, esquema 2 e assim por diante. Como? Era só escolher um texto consagrado, quer dizer, consagrado o cão, bastava ser conhecido. O Tao-Te-King, Provérbios de Salomão, Popol Vuh, Ulisses, encíclicas papais, Discurso de Gettysburg?, Catilinárias, Kalil Gibran, Schopenhauer, Cego Aderaldo. Bem, um texto aí qualquer. Depois se dividia o texto utilizando-se qualquer modelo ao gosto do freguês: por frases; por cada primeira palavra de um parágrafo; inversão de períodos (os primeiros seriam os últimos e os últimos....). O importante era isolar um texto coerente, mas sem que a coerência desse muito as caras. Bastava resultar misterioso, profundo, enigmático. Depois era só escolher e utilizar um dos muitos métodos de consulta aleatória oferecidos e, eis lá, você já tinha seu próprio sistema divinatório para o seu deleite e quem sabe o de outros. É. Tem nada a ver com o teu texto. Bons dias.