(John McAfee, em foto de Brian Finke)
Desde
o ano passado leio notícias sobre as tribulações de John McAfee. Para quem não
está ligando o nome à pessoa, ele é o criador do antivírus McAfee, que a
maioria de nós já teve ou tem em seu computador.
De tanto ver seu nome no
noticiário (envolvido em crimes, drogas, tiroteios, perseguições, etc.) foi com
curiosidade um ponto acima do normal que fui ler a matéria sobre ele na revista Wired de dezembro (http://bit.ly/WBS2dm).
McAfee
é o que em Campina a gente chama “um pertubado” (atenção, revisão, é com um R a
menos).
Um “pertubado” é um sujeito que não consegue parar quieto num canto,
que parece ter um pequenino alien roendo suas entranhas. Um cara que faz tudo
certo e de repente bota tudo a perder com uma gigantesca mancada, que se mete
em complicações todos os dias, que faz besteira, que às vezes é agressivo,
violento ou criminoso; que não encontra paz em si mesmo nem deixa em paz que
está à sua volta. E alguns pertubados são inteligentes.
McAfee
era um programador que inventou um antivírus, ficou milionário, entupiu-se de
drogas de todo tipo, pirou, teve surtos paranóicos que continuam a atormentá-lo.
Com uma fortuna de 100 milhões de dólares, refugiou-se em Belize, na América
Central, onde foi há pouco acusado de estar fabricando metanfetamina e de matar
a tiros um vizinho que envenenou seus cachorros.
A matéria da Wired (assinada
por Joshua Davis) o mostra cercado de guarda-costas, praticando roleta russa,
alimentando-se de enlatados e refrigerantes, namorando meninas adolescentes
(ele diz: “Quanto mais feia a mulher, melhor o sexo com ela”). Seus delírios
mirabolantes (ele é do tipo que resolve qualquer problema metendo a mão no
bolso e gastando) e a crise de 2008 consumiram quase todo seu dinheiro.
São os equivalentes, em nossa era, a Kurtz, a Rimbaud,
a Aguirre e a Fitzcarraldo. Numa entrevista recente (http://bit.ly/XtiGWq), McAfee afirmou:
“Não adianta estocar dinheiro. Dinheiro não é algo que você possui. O dinheiro quer fluir através de você, ele é o fluxo livre de energia, ou de capital. É como o sexo. Ele precisa fluir.”
A sabedoria desses caras, que parecem personagens de
Philip K. Dick, é “só de experiências feita”, e eu presto mais atenção nas
falas deles do que nas de qualquer PhD formado em Yale ou em Oxford.
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