quinta-feira, 15 de julho de 2010

2271) Brasil 2x1 Coréia do Norte (18.6.2010)



Uma estréia normal. O Brasil só estréia assim. A única vez em que nossa Seleção estreou arrasando, pelo menos desde que assisto Copas, foi em 1970, quando goleamos a Tchecoslováquia por 4x1, de virada, com golaços de Jairzinho (2), Pelé e Rivelino cobrando falta. Foi um baile. Depois disso, amigos, foi só empate e vitória apertada, em geral contra times fraquinhos como esse time coreano. Mesmo assim, acho bobagem esse papo que ouço a todo instante, de que “o primeiro jogo é o mais difícil”. O jogo mais difícil é o último, é a decisão do título. Só acha difícil a estréia quem nunca jogou uma final. O jogo de estréia só é difícil pela enorme carga emocional que se coloca nos ombros dos jogadores.

O Brasil jogou um futebol meticuloso, cuidadoso, parecia uma solteirona namorando pela primeira vez. Todo cuidado era pouco. Teria sido mais simples partir pra cima e ver no que dava, mas essa é a filosofia que Dunga mais abomina. Dunga é a exacerbação do estilo de Zagallo e de Parreira. O mais importante é a posse de bola e a distribuição dos jogadores em campo de modo a que quem tem a bola tenha sempre três ou quatro opções de jogada à sua volta. O time deve ficar tocando, e “só ir na boa”, ou seja, só partir para o gol quando tiver certeza. O problema é que hoje em dia essas situações de certeza pouco aparecem. Precisamos partir para o gol como quem salta no escuro, e foi justamente o que fez Maicon, acertando um chute dificílimo, mas fazendo um gol que ele próprio já fez outras vezes (lembram aquele amistoso, 6x2 em Portugal?). Claro que não acerta todas, mas um dia acaba acertando, e quando acerta o alívio é grande, não é mesmo?

O segundo gol foi um gol do Santos campeão de 2002: Robinho pega a bola, deriva para a direita, vê Elano fechando em diagonal pela ponta direita e dá a bola cruzada no meio dos beques. Se a zaga não cortar, tem 90% de chances de ser gol. Foi assim o primeiro gol de Elano pela Seleção, naquele amistoso Brasil 3x0 Argentina em Wembley, em 2007 (pode ver no YouTube).

Acho que o Brasil pode chegar até as semifinais nesta Copa, só não acredito que ganhe. Pode avançar porque tem um time sólido como a maioria não tem. Claro que no meio do caminho pode ter uma pedra, uma topada, uma surpresa. Pode até ser a Costa do Marfim, que enfrentaremos hoje. Por que não? O time africano não joga um grande futebol mas é jovem, vigoroso, rápido, e tem um técnico veterano, o sueco Ericsson, que conhece o Brasil como a palma da mão dele.

Copa do Mundo é diferente de Campeonato Brasileiro. É um torneio curto no qual é preciso se classificar ao longo dos três primeiros jogos, e depois ganhar quatro jogos seguidos. Brilhantismo conta, é claro, mas não é tudo. Dez ou quinze minutos de desorientação no meio de uma partida podem acabar com tudo. É uma corrida de 100 metros rasos uma corda bamba. Ganha não só o melhor, mas o que é melhor, mais consistente e mais sortudo.

Nenhum comentário: