quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

0754) Harry Potter is all right (18.8.2005)



I don’t know about you, dear reader – but I enjoyed the first two Harry Potter books, and didn’t read the others for the only reason that I have lots of more important books to read; and moreover, at this point of the championship, Ms. Rowling can do very well without my scarce and hard-earned reais.

Eu ia continuar em inglês mesmo, mas lembrei que devo satisfações a outra parte do meu público leitor, então bora simbora na língua de Camões. O fenômeno Harry Potter continua de vento em popa, e o recente lançamento de Harry Potter and the Half-Blood Prince trouxe mais alguns fatos interessantes para o folclore já farto que cerca a Pottermania. O que me traz aqui no momento é algo que li na Folha de São Paulo. As vendas antecipadas bateram recordes em vários países, e um balanço feito entre nossas livrarias mostrava que nos primeiros dias após o lançamento já haviam sido vendidas cinco mil cópias de HPATHBP somente aqui no Brasil. Tu já pensou uma coisa dessa? Cinco mil exemplares do livro em inglês foram comprados em nossas livrarias. E eu não tou falando naqueles livrinhos infantis com trinta páginas, cheio de figuras e uma letrona desse tamanho. São 652 páginas, meu camaradinha, e o preço é 17 dólares. Faça suas contas do peso total do investimento.

Cinco mil pessoas dispostas a ler Harry Potter em inglês me parecem um bom sinal. Claro que muitos escritores brasileiros que não vendem nada vão dizer que é essa concorrência desleal que está reduzindo as vendas dos livros de autores brasileiros. Besteira. Ora, os meus próprios livros não vendem quase nada, mas quem disse que a culpa é de Harry Potter? Todo escritor tem que procurar sua audiência, as pessoas que podem se interessar por aquilo que ele tem a dizer. A maioria não consegue encontrar; paciência. A sra. Rowling encontrou o público dela, e pouco importa se são filhos de americanos que moram no Brasil, se são garotinhos ricos que têm aulas particulares de inglês, ou se são garotos que ficam economizando a mesada durante os anos que J. K. Rowling leva pra escrever um catatau daquele tamanho. Por que não? Eu faria o mesmo.

Sou escritor, e tudo que crie mais leitores no mundo é bem vindo. Acima disto sou leitor, e digo que qualquer maneira de amar a literatura vale a pena, num contexto em que tudo contribui para nos afastar dela. Não sou apocalíptico, não sou inimigo dos computadores nem dos “games”; em vez de jogar pedra na planta do vizinho, eu agôo a minha pra ver se ela cresce bem verde. (Esqueça o verbo, amigo – é licença poética.) O feiticeiro Potter e o mago Paulo Coelho, tão vilipendiados, têm mostrado a milhões de pessoas que livro é espelho, janela, tábuas-da-lei, retrato-do-mundo, tapete mágico. Você tem o direito de não gostar desses livros, mas eles acabam sendo um excelente adubo para as mentes jovens que daqui a dez anos estarão adentrando o universo de Guimarães Rosa ou Garcia Márquez.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu querido Bráulio, que pérola!!!
Sou professora de protuguês e concordo plenamente com suas palavras.

E o agôo só não foi a melhor parte pelo comentário que vem depois entre parenteses!!!

Fantástico