(foto: Robson Fernandjes)
“Eu estava numa favela do Rio, era como se fosse o Morro do
Alemão. Tinham me levado para lá por algum motivo e o carro tinha ido embora.
Era um terreno baldio cheio de mato e havia um cadáver ali pertinho. Havia um
grupo de bandidos, mas o clima não era hostil, eles sabiam quem eu era e que
tinha ido lá fazer algo com autorização; na verdade nem estavam me dando muita
atenção. Eu dizia que queria voltar para a cidade. Eles me levavam para uma casa
onde havia um casal idoso e outras pessoas, e me diziam para esperar ali. O
tempo passava. Mesmo sem me sentir diretamente ameaçado eu queria cair fora
dali o quanto antes. Pedia que fossem comigo até a entrada da favela, mas eles
diziam não ter tempo: “Não tem problema. Vai lá, aqui é tranquilo”, mas eu
dizia: “Eu preferiria caminhar aqui dentro com algum de vocês, e não sozinho”.
Havia uma tensão permanente. Eu temia um tiroteio, porque as paredes de tijolo
eram muito finas.
“Depois eu vinha andando noutro ponto da favela, uma espécie
de feira nordestina cheia de barracas. Eu vinha por entre as barracas, que
vendiam pratos-feitos, tapioca feita na hora, etc. A certa altura eu avistava
uma saída para fora da favela, mas as barracas eram tão juntas que eu não
conseguia passar entre elas. As barracas eram mantidas por pessoas aleijadas,
cada uma com um defeito físico diferente. Por fim eu conseguia me esgueirar
entre duas barracas, quase derrubando as panelas e utensílios das pessoas, e me
aproximava de uma grande porta; só então eu percebia que aquilo, a tal da
feira, não era ao ar livre, era uma espécie de grande salão dentro de um
prédio, com centenas de metros quadrados, e as barracas estavam todas dentro
dele.
Um comentário:
Véio mole da peste, esse Bráulio. Nem parece ser da Paraíba
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