Tive um pesadelo terrível. Eu vinha por uma rua tranquila, e dois carros bateram num cruzamento. Um deles arrancou um samboque do paralamas do outro, mas o motorista manobrou, aprumou o carro e fugiu. A motorista do outro desceu, nervosa. Pegou a bolsa e tirou o celular para ligar. Nisso um rapaz arrebatou-lhe a bolsa e saiu correndo. Algumas pessoas o perseguiram, mas ele subiu numa árvore, pulou um muro, acabou fugindo. Eu me vi minutos depois numa delegacia, como testemunha.
Policial: “O senhor viu o acidente e o furto?”. Eu: “Sim,
senhor.” Ele: “Como foi?” Eu: “Ela ia na
preferencial, mas o outro carro avançou, bateu no dela e fugiu.” Ele: “Que carro era?”. Eu: “Um carro cinzento, esse
cinza-prateado.” Ele: “Qual era a
marca?”. Eu: “Não sei.” Ele: “Era de duas ou de 4 portas?” Eu: “Não sei.” Ele: “Nacional ou importado?” Eu: “Não sei.” Ele: “Tá bom, como era a aparência do carro,
o formato dele?” Eu: “Era um desses
carros novos, desenho elegante, carro de passeio mesmo.” Ele: “E as rodas, como eram?”. Eu: “Tipo redondas, com pneus.” Ele: “Quem vinha dirigindo, homem ou
mulher?” Eu: “Não olhei.” Ele: “Reparou na placa?”. Eu: “Não.” Ele: “Tá bom. Viu o assaltante roubar a
bolsa?” Eu: “Sim.” Ele: “Que tipo de bolsa era?” Eu: “Bolsa de mulher”. Ele: “Sim, mas que estilo? Era uma dessas
Louis Vuitton, ou bolsa comum?” Eu: “Não
sei bem. Pode ter sido uma Louis Vuitton comum.” Ele: “Por onde o assaltante fugiu?” Eu: “Subiu numa árvore e pulou para dentro de
um muro.” Ele: “Naquela calçada tem uma
mangueira e um flamboiã. Cada uma dá
para um quintal diferente. Em qual das duas ele subiu?” Eu: “Não sei, são iguais.” Ele: “O senhor não sabe a diferença entre uma
mangueira e um flamboiã?” Eu: “Não
senhor.” Ele: “Então dane-se, pode acordar.” Acordei.
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