quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

3420) Isqueiros do Vietnam (12.2.2014)


Os soldados norte-americanos que lutaram no Vietnam criaram todo um folclore próprio em torno de drogas, de música, de episódios de combate, etc.  O saite Juxtapoz (http://bit.ly/1gfD0Ug) faz uma interessante exposição dos isqueiros usados por eles durante a guerra, isqueiros onde eles tinham o hábito de gravar seus nomes e postos, além de imagem, frases, etc.  Hoje esses isqueiros (cujos donos morreram ou voltaram para casa, e cujos objetos pessoais se dispersaram) são procurados por colecionadores de “memorabilia”; arranhados, manchados, amassados, são resíduos humanos de uma situação absurda à qual eles tentavam se adaptar da melhor maneira possível, cada um de acordo com seu temperamento.

Um deles grava em seu isqueiro: “A sucking chest wound is nature’s way of telling you you’ve been ambushed” (“Uma ferida aberta no seu peito é o modo da natureza avisar que você foi emboscado”).  Outro isqueiro diz, numa provocação aos vietnamitas: “Let me win your heart and mind or I’ll burn your god damn hut down” (“Me deixe conquistar seu coração e sua mente, senão eu toco fogo na sua maldita choupana”).  Todo soldado em combate precisa dizer a si mesmo o tempo todo que é durão e que não está com medo, mas poucos serão tão assertivos quanto o que gravou no isqueiro: “Yea though I walk through the valley of the shadow of death I fear no evil for I’m the evilest son of a bitch in the valley”; parodiando o famoso Salmo 23, ele diz: “Embora eu caminhe pelo vale da sombra da morte eu não temerei o mal, porque sou eu o filho-da-puta mais mau que tem no vale.”

Não só as bravatas dos guerreiros, existe também um certo menosprezo pelos pacíficos: “We the unwilling, trained by the unskilled, to do the impossible for the ungrateful ten minutes too late” (“Nós somos os relutantes, treinados pelos despreparados, para fazer o impossível em favor dos ingratos, com um atraso de dez minutos”). Outro afirma: “You have never lived till you’ve almost died for those who fight for it life has a flavor the protected will never know” (“Você nunca viveu se nunca chegou quase a morrer por aqueles que lutam; para eles a vida tem um sabor que os que protegemos nunca conhecerão”).

Frases curtas e definitivas: “Fighter by day, lover by night, drunkard by choice, marine by mistake” (“Guerreiro de dia, amante de noite, bêbado por escolha, fuzileiro por engano”). Ou então: “If I ever look like I give a damn call a dog” (“Se em algum momento parecer que eu me importo, chame um cachorro”). E a nostalgia final de algum californiano anônimo numa praia asiática: “You can surf later” (“Você pode surfar depois”).

Um comentário:

Kadu Mauad disse...

notas de guerra. que coisa.