quinta-feira, 14 de novembro de 2013

3343) Eu me lembro 3 (14.11.2013)




Eu me lembro que a música com que se apagavam as luzes e abriam as cortinas no Cine Avenida era o tema de Charada de Henry Mancini. 

Eu me lembro de ter visto um trote universitário com todo mundo sujo, rasgado, careca, portando cartazes falando em De Gaulle e em pesca de lagostas. 

Eu me lembro do restaurante Bolero, que eu olhava lá da rua e via os guardanapos de linho dobrados dentro dos copos, como se fossem lírios. 

Eu me lembro dos chapeados que carregavam balaios na feira, usando na cabeça uma rodilha de pano sobre um chapéu feito com o couro de uma bola de futebol.

Eu me lembro da manchete gigantesca na primeira página de um jornal: “Amanhã, Lunik revelará se há vida na Lua”. 

Eu me lembro da primeira vez em que eu guardei um chocolate no bolso da camisa da farda do colégio e ele derreteu. 

Eu me lembro das saladas-de-frutas com sorvete da Flórida, e de como a colher era de um metal mais pesado do que as de lá de casa. 

Eu me lembro do coro de “shhh, shhh” no cinema quando aparecia na tela o condor da Condor Filmes, que Aldir Blanc descreveu como “e o urubu sai voando...”.

Eu me lembro de Cauby Peixoto na sacada da Rádio Borborema, cantando “Conceição” a-capella para a multidão que não pôde entrar para vê-lo cantar no palco-auditório. 

Eu me lembro da sinuca Gato Preto, dos quadros nas paredes com páginas de revista mostrando fatos bizarros tipo “Ripley’s Believe it or Not”. 

Eu me lembro  do confeito Gasosa, redondo, cujo papel era azul e branco e tinha o desenho de taças de espumante. 

Eu me lembro de quando minha Tia Adiza me levou para ver um filme de Oscarito no Cine São José, e num dos trailers apareceu uma mulher nua!

Eu me lembro dos primeiros LPs em 33 rotações, e eu gostava porque dava para ler o título da música enquanto o rótulo girava. 

Eu me lembro que no Presidente Vargas quando faltavam uns dez minutos para o fim do jogo abriam-se os portões para a entrada de quem não podia pagar, e a gente chamava isso “a hora dos miseráveis”. 

Eu me lembro quando apareceram os primeiros cinzeiros de sala que ficavam sobre um saco de veludo cheio de areia. 

Eu me lembro da campanha para prefeito entre Severino Cabral e Newton Rique. (Ou “Pé de Chumbo” e “Mão de Seda” para os adversários). 

Eu me lembro de um casarão na Rua Vidal de Negreiros que em 1958 foi o Colégio das Lurdinas e em 1965 foi a sede e concentração do Treze. 

Eu me lembro das bolas de couro Drible, número 3, compradas a Fuba Véi na Casa Esporte; a número 5 era o tamanho profissional. 

Eu me lembro dos meninos descendo a rua Miguel Couto nos carrinhos de rolimã, e que quando vi a primeira foto de um kart achei uma coisa de ficção científica.







3 comentários:

Cumade disse...

Belas lembranças! É sempre bom ver como diferentes pessoas descrevem fatos e recordações.

Cumade

Alan disse...

Grande Bráulio sempre fazendo alusão a Campina e seu filho ilustre, o Galo da Borborema

Anônimo disse...

Me lembro do sorvete e cafezinho servido aos clientes do Armazem do Norte.