sexta-feira, 6 de novembro de 2009

1350) A debandada das abelhas (12.7.2007)



Numa piada antiga, um astrônomo informa, numa palestra, que todas as galáxias estão se afastando da nossa a uma velocidade de não-sei-quantos milhões de quilômetros por hora. E alguém pergunta na platéia: “Será que elas descobriram alguma coisa?” Algo parecido está acontecendo desde os primeiros meses deste ano, no mundo inteiro, com as abelhas. Colônias inteiras estão abandonando suas colmeias e fugindo em massa, deixando para trás quantidades abundantes de mel e de pólen, e até mesmo sua rainha – a quem as abelhas, como outros insetos, protegem com o sacrifício da própria vida. Por quê? Ninguém sabe.

Numa matéria no “Washington Post”, Joel Garreau lista as hipóteses levantadas até agora: o uso de pesticidas, de alimentos geneticamente modificados, e até mesmo as ondas dos telefones celulares. Para criaturas com um senso de orientação sofisticado como as abelhas (que “dançam” no ar para indicar às outras um local de colheita de pólen), qualquer um desses fatores pode ter produzido um ruído, uma interferência, que avarie o sua bússola interna e provoque essa evacuação às pressas. O fenômeno está sendo chamado “Desordem do Colapso das Colônias” (“colony collapse disorder”) nos EUA, que desde o final do ano passado já perdeu cerca de um quarto de seus 2,4 milhões de colônias da espécie “Apis mellifera”.

Jess Pettis, líder de um dos grupos de pesquisa encarregados do problema, lembra uma frase dita certa vez por Einstein: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade só sobreviverá por uns quatro anos. Sem abelhas, não haverá mais polinização, e sem ela não haverá mais gente”. Pode ser um exagero, mas o problema, mesmo que não seja tão grande, é grave e real. Os cientistas acham que as abelhas podem estar reagindo a mudanças ambientais que ainda não percebemos, do mesmo modo que nas minas de carvão os operários levam gaiolas com canários, cujo estado de saúde lhes serve de alerta contra níveis perigosos de poluição do ar. Fugindo em massa, elas nos alertam que algo está errado. Mas, volta a pergunta: o quê?

Alguns animais e pássaros são capazes de prever terremotos. Quando ficam muito inquietos, vem coisa por aí. Certamente eles são capazes de perceber as vibrações mais graves dos movimentos tectônicos iniciais, porque, como se sabe, quando a terra começa a se abrir e os prédios caem isto já é uma fase muito adiantada do terremoto, que já vem acontecendo há horas ou dias. Portanto, deve estar havendo algum tipo de convulsão magnética no planeta que não somos capazes de perceber, mas as abelhas percebem, e fogem dos lugares afetados.

Numa sociedade menos atarefada e menos soterrada por opções de lazer como a nossa, a observação do mundo natural é sempre uma maneira de “tomar o pulso” da Natureza, avaliar como andam as coisas. As profecias apocalípticas sempre falam em “sinais” do que está para acontecer. Se acontecer, não podemos nos queixar de falta de aviso.

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