quinta-feira, 30 de outubro de 2008

0623) Luz e mágica industrial (18.3.2005)


(The Sims)

Jesus Cristo convida George Lucas para uma partida de golfe. Logo na primeira tacada, a bola de Jesus vai passando direto quando de repente dá uma quebra de 90 graus na trajetória e, pimba! Cai dentro do buraco. Lucas dá um olhar meio atravessado pra ele mas não reclama. Desfere sua tacada. A bola vai direto num tronco de árvore, ricocheteia, bate numa pedra, sobre no ar, choca-se com um helicóptero que vinha passando, cai sobre um lago, é abocanhada por uma perereca, a qual por sua vez é abocanhada por uma águia que se eleva nos ares com a perereca na boca; a perereca acaba por largar a bola que cai de uma altura de cem metros, pimba! Dentro do buraco. Jesus olha meio atravessado, e George Lucas o tranqüiliza: “Calma, calma, é tudo computação gráfica”.

A computação gráfica aplicada à imagem (cinema, TV, internet, vídeo) evoluiu tanto que me proporcionou minha teoria mais importante dos últimos vinte anos: “Somos o Video-Game de Alguém”. Nosso Universo é real, é feito de matéria, é organizado exatamente da forma descrita pelos nossos cientistas. Só tem uma coisa: tudo foi criado por uma raça de Super-Seres Cósmicos, com a finalidade de entretenimento, testes científicos e enriquecimento espiritual.

Não sei se o caro leitor já jogou, ou viu alguém jogar, The Sims, aquele joguinho em CD-Rom onde criamos algumas casas, algumas famílias, e eles passam a viver, trabalhar e interagir uns com os outros. As crianças adoram. Já saíram uns dez “pacotes de expansão” cheios de novidades: os Sims agora são vistos no trabalho, na rua, nas festas, nas diversões... Eles namoram, casam, têm filhos, morrem. E a garotada não desgruda do computador. Nós somos os Sims de uma raça cósmica: “Superior Intelligence’s Mankind System”. Eles planejaram os algoritmos matemáticos que presidem à organização da matéria, à criação da vida, à formação do Sistema Solar e dos ecossistemas terrestres, e por fim ao surgimento da Humanidade. São muito, muitíssimo mais poderosos do que os alienígenas misteriosos de Clarke & Kubrick em 2001, Odisséia no Espaço. Na verdade, os alienígenas de 2001 não passam de um pacote-de-expansão do programa original.

Confesso que minha teoria não é totalmente original, foi parcialmente bebida em livros como Simulacron 3 de Daniel Galouye, “The Tunnel Under the World” de Frederik Pohl e outros, que são os avós de Matrix. A computação gráfica me serviu apenas para demonstrar a possibilidade matemática de que isto ocorra. Com nossa tecnologiazinha pré-histórica, somos capazes de determinar matematicamente cada ponto de uma imagem aparentemente tridimensional, sua cor, sua textura, sua localização, seus deslocamentos. Somos capazes de usar esses pontos para compor imagens, seres, pessoas. E criar cenas inteiras, filmes inteiros com essas nuvens de pontos coloridos, fazendo cada criatura dessas obedecer nossas instruções: “Sente ao teclado... escreva sua coluna do jornal...”

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