(foto: Klaus Pichler)
Um artigo de Bruce E. Levine (aqui: http://tinyurl.com/k6zrjsz)
discute o conformismo, a passividade e a acomodação por parte da juventude dos
EUA, que já foi mais combativa, mais disposta a lutar por causas sociais. Os
oito sintomas e causas que ele aponta são locais, mas alguns podem ser
extrapolados para outros países, como o Brasil.
Um: débito educativo, e o receio que ele provoca. Cerca de
dois terços dos universitários têm uma dívida média de 25 mil dólares, sendo
que em alguns casos isto chega a 100 mil.
O sujeito que deve tanto ao governo (e lá essas coisas são cobradas pra
valer) pensa duas vezes antes de sair à rua com cartazes de protesto. Dois:
patologizar o protesto. Entre outras, a “Oppositional Defiant Disorder” (ODD) é
uma doença oficialmente reconhecida: o doente “frequentemente desafia ou
recusa-se a cumprir exigências ou regras dos adultos, (...) discute com
frequência, (...) deliberadamente faz coisas para aborrecer outras pessoas”.
Tarja-preta nele, numa cumplicidade entre pais, médicos e escola.
Três: escolas da obediência. Todo o sistema de ensino tem se
voltado para fazer o jovem cumprir regras, atingir metas, temer punições,
obedecer. As escolas ensinam teorias democráticas, mas são autoritárias em sua
prática. Quatro: educação competitiva. Programas como “No Child Left Behind” e
“Race to the Top” estimulam a ansiedade e a competição, e minimizam a
curiosidade, a espontaneidade de ação, o pensamento crítico.
Cinco: valorização cada vez maior do ensino formal, em
detrimento do aprendizado na família e na rua; mentalidade “quem não tem
diploma não sabe de nada”. O autor diz que vai longe o tempo de Mark Twain, que
dizia: “nunca deixei a escola interferir na minha educação”. Seis: normalização da vigilância. Os jovens
estão achando cada vez mais normal que a vigilância eletrônica permeie sua vida
e suas atividades. Pais controlam a vida dos filhos através de CPS e câmeras
domésticas, além de vigiar sua vida escolar via websaites. Isso produz nos
jovens uma atitude generalizada de “De que adianta?”.
Um comentário:
Nove: não acho o mundo tão ruim assim, não quero protestar, quero viver minha vida e criar alguma coisa.
Postar um comentário