Transporás o Pedregal ensandecido, dilacerando as Membranas
do Ser e carpindo as incertezas de teu íntimo Semblante. Pisa devagar nesta areia coberta de
Presságios, para que não despertem as Sentinelas da Treva. Compulsa as nuvens,
amealha os ventos. Um espinho de dor fere
o teu centro, e a lembrança de um Não será teu Sol. À tua esquerda, o Campo-santo dos pássaros afogados;
à tua direita, o Sumidouro para onde deslizaram os códigos do Setestrelo. Seguirás sozinho, ou então te deixarás tombar,
na Vereda vazia que te espera. E jamais conseguirás cerzir as Fendas do Passado
onde o século se pôs.
Cada minuto é fatal, e não existe um Elmo para a alma. Serás
o Poço onde as tempestades se refugiam. Pensaste pureza e o que tombou em ti fervilhava
em Pus. Avança! Já deixaste para trás a
Sesmaria da Punição, à qual sobreviveste, mas que conduzirás para sempre
incrustada na Memória. Só te resta pela
frente o Pesadelo do Torvo Talismã, o futuro que em vão abjuraste mas com que
os Fados te embeberam.
Ruma para a Neurópolis que te sequestrou a Mente. Lá, o
Monstro é ubíquo, mutante. Sua
superfície é de celofane polarizado, frases de acrílico, raios catódicos. Mandalas
de Odaliscas rodopiam ao som de tambores neuroniais. É uma criptobabel de
signos minerais, um Templo à espera do Deus multicéfalo que o conquistará. Escorrem
escamas de ouro pelos seus esgotos, e dos globos oculares de cada Gárgula
pendem piercings em forma de Caduceu. Vai, ouve as multidões que se espremem
nas ruas, por entre a Treva do Cataclismo; nenhum som cruza seus lábios em
carne-viva senão o arquejo do Pandemônio.
Um comentário:
Feliz Ano Novo!
uhuuuuuuuuu!
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