Não, não se trata de arte feita com o auxílio de micro-computadores. São obras de arte em miniatura, algo tão velho quanto obras de arte em escala faraônica. Se alguém disser um dia “É mais fácil a Estátua da Liberdade passar pelo fundo de uma agulha do que o Flamengo ser campeão brasileiro”, não acredite, porque Willard Wigan, um escultor de olho agudíssimo e mãos precisas, realizou a primeira destas proezas, o que pode ser verificado (junto a muitas outras façanhas) no endereço: http://www.willard-wigan.com/art.html.
No fim do século 19, um tal de Schiller, preso por falsificação no cárcere de Sing Sing, foi encontrado morto. Revistado, descobriram com ele sete alfinetes, sendo seis de prata e um de ouro, com cabeças que mediam 1,17mm. Schiller passou os últimos 25 anos de sua vida gravando na cabeça de cada alfinete o texto completo do “Pai Nosso” em inglês, um texto com 65 palavras e 254 letras.
Quando Bill Clinton era presidente dos EUA, um grupo de engenheiros puxa-sacos criou uma imagem mostrando a silhueta do presidente tocando sax. A imagem, com cerca de um centímetro quadrado, era composta de 287.900 minúsculos saxofones, cada um deles com cerca de 6 a 8 milionésimos de metro, o tamanho de um glóbulo vermelho do sangue. As imagens, contudo, eram formadas pela superposição de camadas planas, praticamente bi-dimensionais.
Coube a engenheiros da Universidade de Osaka (Japão) a criação da menor escultura tridimensional do mundo, um pequeno touro medindo 10 por 7 micrômetros, esculpido em plástico com raios laser.
No reinado de Elizabeth I da Inglaterra um artífice de nome Mark Scaliot fabricou uma corrente de ouro, com 43 elos; fabricou para ela um cadeado com onze peças de ferro, aço e latão, além de uma chave. A corrente foi então colocada, e fechada, em torno do pescoço de uma pulga, que conseguia arrastá-la sem muito esforço.
Tá bom, chega de “Você Sabia?”. O propósito deste artigo é teorizar que existe, no campo da Estética, uma região onde o objetivo não é a Beleza, nem o Sublime. Existe uma região da Arte (vizinha ao distrito do Artesanato) onde a manipulação do conceito de Tamanho, Dimensões, etc. é muito mais importante do que o Belo.
As instalações de Christo, aquele artista que “embrulha” prédios e pontes; as esculturas monumentais como as do Monte Rushmore; os concertos de John Cage, previstos para durar séculos; tudo isto são obras de arte onde o conceito de dimensões e tamanho é o ponto crucial.
A micro-arte brota daí, embora nesta caso o resultado ainda se mantenha no campo do Artesanato, até mesmo pela dificuldade de transformar o produto final em algo acessível, compartilhável por um público. Não é uma simples demonstração de malabarismo e proficiência técnica. É uma tentativa de impor o espírito humano, a linguagem humana, em domínios (o Micro e o Macro) que parecia vedado aos humanos, mas que a ambição faustiana desses artistas consegue invadir.
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