quarta-feira, 10 de junho de 2015

3837) 5 achados (11.6.2015)



 (foto: Campina Grande, Rua Miguel Barreto, por Sergio Nascimento)

Encontrado, pelas irmãs Nizinha e Bebeca Mariz, em Mossoró (RN), um envelope de Sedex todo amassado, jogado intacto numa lixeira, o qual elas abriram conforme o peso fatal da curiosidade, e encontraram ali uma carta suplicante de um tal de Valdir para uma tal de Eleonora, dizendo (pra encurtar a história) que desta vez ia se emendar mesmo e que não podia viver sem ela, e as irmãs deduziram que Eleonora jogou a carta no lixo assim que leu o nome do remetente, e as duas agora estão em pleno processo de se tornar “casualmente” amigas de Eleonora para acompanhar o desenrolar do caso com carinhas de inocentes.



Por baixo do banco-da-frente de um táxi, na Avenida Caxangá, no Recife, num anoitecer de trânsito engarrafado, foi encontrado por Daniel Livorni, 25 anos, escriturário de uma companhia de calçados, que sentou exausto e faminto no banco traseiro, um saco plástico branco contendo duas pamonhas e um pratinho de plástico com canjica, tudo envolto em papel laminado, e um embrulho com dois pães e um pacote de café Pilão de 250 gramas.



Num cinema de Florianópolis foi encontrado por Alípio Nogueira, 61 anos, aposentado, um smartphone destravado, que a princípio ele pensou em devolver ao dono, idéia que logo lhe sumiu da cabeça quando Sua Alteza o Destino o levou a percorrer a galeria de fotos onde predominava uma mulher loura e linda por quem ele se apaixonou, e hoje mantém o celular mudo, junto ao travesseiro, repassando as fotos antes de dormir, vendo-o reluzir sempre que alguém liga em vão, e criando coragem para localizar sua deusa.



Pedro Paulo de Lima, 11 anos, encontrou em 1993, quando ia para o colégio, no chão de um ônibus da linha 416 (Usina-Forte), na Tijuca, um livro de bolso em inglês, cheio de desenhos de posições sexuais, coisa sobre a qual tinha a mais superficial das informações, o que o levou a esconder a relíquia e pedir ao pai, pastor evangélico e síndico, um dicionário inglês-português, sob pretextos escolares, e hoje Pedro mora em San Francisco, Califórnia, onde é crítico de artes plásticas, casado há 7 anos com a mesma pessoa, e vive muito bem, obrigado.


Encontrado por D. Joana Sales da Silva, 49 anos, dona da floricultura “Verde e Rosa”, no chão junto a um banco metálico de um ponto de ônibus em Campina Grande, uma caixa de papelão com a tampa presa por fita crepe, contendo o corpo de um gatinho morto cuidadosamente acondicionado em algodão, tendo por cima uma correntinha de prata com um minúsculo crucifixo, e um bilhete escrito com caneta esferográfica azul numa metade rasgada de uma folha de caderno escolar, dizendo: “Um amor para sempre o coração nunca esquesse.”


Um comentário:

Abel Costa disse...

A capacidade de contar uma história completa em poucas palavras, é para poucos. Parabéns.