terça-feira, 19 de maio de 2009

1035) As bobeiras da Copa (11.7.2006)



O jogador do Japão recebeu a bola e atrasou, rasteirinha, para o goleiro, que estendeu o pé para recebê-la, mas a bola quicou num montinho, pulou por cima do pé dele e saiu, mansa, pela linha de fundo, a um metro da trave. Se fosse pra dentro era gol. Foi uma das mais divertidas bobeiras da Copa, sempre farta em belos lances e pixotadas incríveis. Na TV a cabo tinha até um programa dedicado a elas, “World Cup Blunders”, ótima coleção de videocassetadas; coisas inadmissíveis até numa pelada de subúrbio, quanto mais no palco mais nobre do mundo.

E o gol-contra do cara da Itália, para os EUA? Bola cruzada da direita, subiu todo mundo para cortar de cabeça; alguém resvalou de leve e desviou a bola. O zagueiro se preparou para rebater à distância, mas o desvio de centímetros o fez pegar “na orelha da bola”, e, em vez de estourá-la rumo ao meio de campo, jogou-a com efeito para dentro do próprio gol. Um lance que certamente vai emergir em pesadelos até o fim da vida do bravo Cristian Zaccardo.

Uma marca que dificilmente será batida é a do jogador Milan Dudic, da Sérvia-Montenegro. No jogo contra a Costa do Marfim, este cidadão pegou na bola com a mão duas vezes, dentro da área: dois pênaltis que acabaram dando a vitória aos africanos por 3x2. Gostaria de saber como ele se explicou depois, no vestiário. Os juízes também fazem das suas: o juiz inglês de Austrália x Croácia, deu três cartões amarelos para um croata, episódio talvez único na história das Copas, e parece que foi posto “na geladeira” pela comissão de arbitragem.

A pior bobeira que se pode cometer numa Copa é perder um gol feito, e é inevitável. O gol que o atacante do Japão perdeu contra a Croácia, de frente pro gol, e conseguindo chutar a dois metros da trave, foi antológico. A França está se especializando nesta nobre arte; os gols feitos, escancarados, que perdeu em suas duas primeiras partidas não foram tão gritantes quanto os que perdeu na Copa de 2002, mas devem ter provocado calafrios de reconhecimento da Bretanha aos Pireneus. Vão chutar ruim desse jeito lá na Linha Maginot.

O Brasil fez das suas, também. Claro que vamos esquecê-las bem depressa, mas os estrangeiros vão passar as próximas décadas mangando da “cheirada” de Ronaldo e da pisada-na-bola de Ronaldinho Gaúcho diante da Austrália. Não estamos livres de videocassetadas, uma vez que temos Dida no gol e Lúcio na zaga, embora os dois tenham se saído bem até agora (escrevo antes de Brasil x Gana).

Um dos gols perdidos mais lamentados da Copa deve ter sido o do atacante do Equador, aos dez minutos de jogo contra a Inglaterra. O zagueiro Terry cabeceou para trás, o sujeito entrou sozinho, dominou, e bateu. Não percebeu a chegada em desespero do inglês que vinha na cobertura, e a bola, “caprichosamente”, como gostam de dizer os locutores, resvalou na sua perna, subiu, bateu na trave e foi pro espaço. Se fosse eu, tinha dado um drible pra dentro, e... Ah, deixa pra lá.

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