O lajedo do Pai Mateus fica no município de Cabaceiras, a duas horas e meia de carro de João Pessoa, e a uma hora de Campina Grande. Não precisa ser um Indiana Jones para chegar até lá. A fazenda onde o sítio arqueológico está situado (http://www.paimateus.com.br/) tem uma pousada com piscina, restaurante, e uns 20 chalés quase sempre ocupados por turistas que vêm em excursões via João Pessoa e Natal. Por algum motivo, grande parte dos turistas são escandinavos: geólogos, fotógrafos, budistas em busca de recolhimento, rapaziada que pratica bicicross, rappel, trekking e outros esportes radicais. A região serviu de locação para filmes como O Auto da Compadecida de Guel Arraes e São Jerônimo de Júlio Bressane.
Faço este “release” turístico para deixar claro que se um sujeito anêmico, sedentário e fotofóbico como eu conseguiu escalar os lajedos e percorrer aquelas trilhas, qualquer um de vocês consegue. A paisagem é impressionante. Eu tenho umas excentricidades na minha relação com a natureza. Todo mundo, quando fala em natureza, pensa logo em bichos e plantas. Eu, não. Quando me falam em natureza a primeira coisa que me vem à cabeça são montanhas e rochedos. O apartamento onde hoje moro, no Rio, abre janelas para um rochedo imenso do qual, em dias de temporal, descem cachoeiras de chuva espumante. Não troco isso por dez oceanos atlânticos.
O Pai Mateus fica naquela região pedregosa e bruta do Cariri paraibano, fonte inesgotável de riquezas minerais (caminhões da Bentonita União não param de ir e vir). À medida que nos aproximamos, vemos a rocha subterrânea aflorando por todos os lados, o que me lembra uma descrição de Stephen King: “a camada rochosa rompia a pele da terra, como uma procissão soturna e corroída pela erosão”. O lajedo propriamente dito é como um imenso pires emborcado, em cujo topo equilibram-se improváveis esferas de pedra, com 3 a 5 metros de altura. Algumas delas estão corroídas por dentro, e lembram capacetes de motoqueiro. Mesmo “quando o sol calcina a terra”, no interior dessas minicavernas a temperatura é fresca, há um curioso efeito de som que parece uma concha acústica, e a face interna é coberta de inscrições feitas pelos índios.
O Pai Mateus foi um eremita que no século 18 era uma espécie de curandeiro junto às tribos locais. Na loca mais larga de todas, ainda se vê a cama que ele usava em suas curas, um retângulo de pedra que, para ser equilibrado sobre duas fileiras de pedras menores, deve ter exigido o esforço de pelo menos uns doze homens fortes. Dali se avista um por-do-sol que evoca o verso de Marcus Accioly, “um céu de dragões entre espadas vermelhas”, com o sol pousando ao lado da única montanha que brota do horizonte, a qual tem a forma exata do Teorema de Pitágoras. Não, amigos, não creio em deuses astronautas. Só imaginamos deuses, e só criamos astronautas, porque o mundo é do jeito que é: imprevisível, misterioso e belo.
Faço este “release” turístico para deixar claro que se um sujeito anêmico, sedentário e fotofóbico como eu conseguiu escalar os lajedos e percorrer aquelas trilhas, qualquer um de vocês consegue. A paisagem é impressionante. Eu tenho umas excentricidades na minha relação com a natureza. Todo mundo, quando fala em natureza, pensa logo em bichos e plantas. Eu, não. Quando me falam em natureza a primeira coisa que me vem à cabeça são montanhas e rochedos. O apartamento onde hoje moro, no Rio, abre janelas para um rochedo imenso do qual, em dias de temporal, descem cachoeiras de chuva espumante. Não troco isso por dez oceanos atlânticos.
O Pai Mateus fica naquela região pedregosa e bruta do Cariri paraibano, fonte inesgotável de riquezas minerais (caminhões da Bentonita União não param de ir e vir). À medida que nos aproximamos, vemos a rocha subterrânea aflorando por todos os lados, o que me lembra uma descrição de Stephen King: “a camada rochosa rompia a pele da terra, como uma procissão soturna e corroída pela erosão”. O lajedo propriamente dito é como um imenso pires emborcado, em cujo topo equilibram-se improváveis esferas de pedra, com 3 a 5 metros de altura. Algumas delas estão corroídas por dentro, e lembram capacetes de motoqueiro. Mesmo “quando o sol calcina a terra”, no interior dessas minicavernas a temperatura é fresca, há um curioso efeito de som que parece uma concha acústica, e a face interna é coberta de inscrições feitas pelos índios.
O Pai Mateus foi um eremita que no século 18 era uma espécie de curandeiro junto às tribos locais. Na loca mais larga de todas, ainda se vê a cama que ele usava em suas curas, um retângulo de pedra que, para ser equilibrado sobre duas fileiras de pedras menores, deve ter exigido o esforço de pelo menos uns doze homens fortes. Dali se avista um por-do-sol que evoca o verso de Marcus Accioly, “um céu de dragões entre espadas vermelhas”, com o sol pousando ao lado da única montanha que brota do horizonte, a qual tem a forma exata do Teorema de Pitágoras. Não, amigos, não creio em deuses astronautas. Só imaginamos deuses, e só criamos astronautas, porque o mundo é do jeito que é: imprevisível, misterioso e belo.
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