(Hermes, de Giovanni da Bologna, 1580)
Minha fama é de ser ateu e cético, mas na verdade a definição que mais se aplica a mim é “politeísta neo-tecnológico”. Tenho uma certa dificuldade em acreditar na existência de um Deus único, onipotente, onisciente e sempiterno; de um Super-Ser que concebeu e conduz cada átomo deste Universo espantosamente grande, e ainda tem tempo de se preocupar com questões morais como se o guarda de trânsito recebe propinas ou se a filha da vizinha está pulando a cerca. Mas, se alguém me dissesse que existe um Deus para cuidar somente da energia elétrica, outro para a proliferação da matéria orgânica, outro para coordenar as formações geológicas do planeta, e assim por diante... eu acharia isso bem mais lógico.
Os antigos acreditavam que para cada movimento na Natureza correspondia um Deus. O nome ou as características físicas do Deus não importam muito, mas quando analisamos suas atribuições podemos entender um pouco sobre ele. Veja-se por exemplo o caso do deus grego Hermes (Mercúrio, entre os romanos). Ele é considerado (estou consultando a “Encyclopedia Mythica”, em http://www.pantheon.org/) “o deus dos pastores, das viagens terrestres, dos mercadores, dos pesos e medidas, da oratória, da literatura, dos atletas e dos ladrões, e é conhecido por sua esperteza e astúcia. Sua função mais importante é ser o mensageiro dos deuses.”
Parece um samba-do-crioulo-doido, mas se abstrairmos o que há em comum entre estas funções, veremos que Hermes é o deus da troca de informações. As “viagens terrestres” e a profissão dos “mercadores” servem justamente para isto: para pegar o que existe em A e transportar para B, e assim por diante. Os “pesos e medidas” têm uma função semelhante: eles servem para unificar conceitos e facilitar a troca, ou seja, para que as mercadorias possam fluir com maior rapidez e facilidade. A “oratória” e a “literatura” fazem o mesmo com as informações propriamente ditas e com as idéias: colocam-nas em circulação, pegam o que existe na mente de A e transportam para a mente de B. E macacos-me-mordam se os “ladrões” também não cumprirem uma função parecida, porque não há dúvida de que cabe a eles, em qualquer sociedade, mesmo no Brasil de hoje, um importante papel no transporte de informações, valores e mercadorias. Basta lembrar a pirataria de CDs e o tráfico de drogas. Não questiono, neste caso, se as mercadorias são boas ou más do ponto de vista moral: Hermes é apenas o deus da circulação, da veiculação, do fluxo.
Imagino que as outras atividades de que Hermes é padroeiro (pastores, atletas) têm mais a ver com sua função sociológica na sociedade grega, mais do que com seu significado simbólico. (Boa tática esta, para justificar as exceções que não se encaixam!) Em essência, ele é o Deus do comércio, da literatura, das viagens: de tudo que faz circular a energia do universo, a mais importante mensagem dos deuses para todos nós.
Minha fama é de ser ateu e cético, mas na verdade a definição que mais se aplica a mim é “politeísta neo-tecnológico”. Tenho uma certa dificuldade em acreditar na existência de um Deus único, onipotente, onisciente e sempiterno; de um Super-Ser que concebeu e conduz cada átomo deste Universo espantosamente grande, e ainda tem tempo de se preocupar com questões morais como se o guarda de trânsito recebe propinas ou se a filha da vizinha está pulando a cerca. Mas, se alguém me dissesse que existe um Deus para cuidar somente da energia elétrica, outro para a proliferação da matéria orgânica, outro para coordenar as formações geológicas do planeta, e assim por diante... eu acharia isso bem mais lógico.
Os antigos acreditavam que para cada movimento na Natureza correspondia um Deus. O nome ou as características físicas do Deus não importam muito, mas quando analisamos suas atribuições podemos entender um pouco sobre ele. Veja-se por exemplo o caso do deus grego Hermes (Mercúrio, entre os romanos). Ele é considerado (estou consultando a “Encyclopedia Mythica”, em http://www.pantheon.org/) “o deus dos pastores, das viagens terrestres, dos mercadores, dos pesos e medidas, da oratória, da literatura, dos atletas e dos ladrões, e é conhecido por sua esperteza e astúcia. Sua função mais importante é ser o mensageiro dos deuses.”
Parece um samba-do-crioulo-doido, mas se abstrairmos o que há em comum entre estas funções, veremos que Hermes é o deus da troca de informações. As “viagens terrestres” e a profissão dos “mercadores” servem justamente para isto: para pegar o que existe em A e transportar para B, e assim por diante. Os “pesos e medidas” têm uma função semelhante: eles servem para unificar conceitos e facilitar a troca, ou seja, para que as mercadorias possam fluir com maior rapidez e facilidade. A “oratória” e a “literatura” fazem o mesmo com as informações propriamente ditas e com as idéias: colocam-nas em circulação, pegam o que existe na mente de A e transportam para a mente de B. E macacos-me-mordam se os “ladrões” também não cumprirem uma função parecida, porque não há dúvida de que cabe a eles, em qualquer sociedade, mesmo no Brasil de hoje, um importante papel no transporte de informações, valores e mercadorias. Basta lembrar a pirataria de CDs e o tráfico de drogas. Não questiono, neste caso, se as mercadorias são boas ou más do ponto de vista moral: Hermes é apenas o deus da circulação, da veiculação, do fluxo.
Imagino que as outras atividades de que Hermes é padroeiro (pastores, atletas) têm mais a ver com sua função sociológica na sociedade grega, mais do que com seu significado simbólico. (Boa tática esta, para justificar as exceções que não se encaixam!) Em essência, ele é o Deus do comércio, da literatura, das viagens: de tudo que faz circular a energia do universo, a mais importante mensagem dos deuses para todos nós.
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