(crianças de Serra Leoa)
Alguns anos atrás, a revista Time fêz uma curiosa matéria de capa intitulada “Os piores países do mundo”. Avaliando as condições econômicas, sociais e políticas de diferentes países – sempre, é claro, de acordo com os parâmetros econômicos, sociais e políticos que vigoram na grande imprensa norte-americana – os articulistas indicavam os piores lugares para viver, caso você pertencesse a algum grupo específico. Há países que são totalmente inviáveis até para um cobrador de impostos, para uma árvore, ou para um adorador do sol.
Vamos começar pelo mais óbvio. Qual o pior lugar para ser mulher? A pesquisa (julho de 2001) foi anterior à queda das torres gêmeas e à queda dos talibãs, mas já apontava o Afeganistão como o pior lugar para ser mulher, por motivos que hoje parecem bem claros. O pior lugar para ser criança é Serra Leoa, com seu alto grau de mortalidade infantil. O pior lugar para ser gay é a Arábia Saudita, onde existe até pena de morte para os “rapazes alegres”. Ninguém está a salvo: o pior lugar para ser um homem branco é a Rússia, com seus índices altíssimos de câncer, alcoolismo, suicídio e crime.
Pode parecer lógico que o pior lugar para ser pobre seja Angola, devastada por décadas de guerra civil. Mas ter dinheiro também não é vantagem, pelo menos na Colômbia – o pior país para os ricos, em função de alta criminalidade e freqüentes seqüestros. Ser presidente da República pode ser um bom negócio até no Brasil, mas não o é na Indonésia, onde violentos golpes de Estado são uma sangrenta tradição. E ser funcionário público, o sonho dourado de tantos brasileiros, pode ser bom aqui, mas não na Somália, país tribal onde a idéia de um Estado central é mais do que nebulosa.
Cada profissão tem seu purgatório, ou seu inferno, em algum setor do mapa-múndi. Ser jornalista, segundo a Time” é uma péssima escolha no Irã, cujo conceito de liberdade de expressão é ligeiramente distinto do que vigora em Manhattan. Ser um “net-head”, ou fanático por informática, também não é bom negócio na Coréia do Norte, onde a ditadura vê com imensa desconfiança até mesmo o uso do celular, quanto mais do PC e da Internet. Ser empresário em Cuba também não é uma boa opção; a Time vê essa perspectiva com os mesmos olhos sombrios com que considera o destino de quem é estudante em Burma ou uma minoria étnica nos Bálcãs. Não importa que grupo humano a gente considere, sempre haverá um lugar menos hospitaleiro do que qualquer outro. Bem que poderia haver um saite da ONU ou da UNESCO com um ranking permanente dos países de acordo com algumas centenas de critérios. Serviria para orientar os planos e as preferências de quem quer fazer turismo, procurar emprego ou conseguir bolsas de estudo.
Ah, ia me esquecendo. É péssimo ser uma árvore em Madagascar, ser um cobrador de impostos na China, e ser um adorador do sol na Grã-Bretanha. Acho que nem precisa explicar.
Alguns anos atrás, a revista Time fêz uma curiosa matéria de capa intitulada “Os piores países do mundo”. Avaliando as condições econômicas, sociais e políticas de diferentes países – sempre, é claro, de acordo com os parâmetros econômicos, sociais e políticos que vigoram na grande imprensa norte-americana – os articulistas indicavam os piores lugares para viver, caso você pertencesse a algum grupo específico. Há países que são totalmente inviáveis até para um cobrador de impostos, para uma árvore, ou para um adorador do sol.
Vamos começar pelo mais óbvio. Qual o pior lugar para ser mulher? A pesquisa (julho de 2001) foi anterior à queda das torres gêmeas e à queda dos talibãs, mas já apontava o Afeganistão como o pior lugar para ser mulher, por motivos que hoje parecem bem claros. O pior lugar para ser criança é Serra Leoa, com seu alto grau de mortalidade infantil. O pior lugar para ser gay é a Arábia Saudita, onde existe até pena de morte para os “rapazes alegres”. Ninguém está a salvo: o pior lugar para ser um homem branco é a Rússia, com seus índices altíssimos de câncer, alcoolismo, suicídio e crime.
Pode parecer lógico que o pior lugar para ser pobre seja Angola, devastada por décadas de guerra civil. Mas ter dinheiro também não é vantagem, pelo menos na Colômbia – o pior país para os ricos, em função de alta criminalidade e freqüentes seqüestros. Ser presidente da República pode ser um bom negócio até no Brasil, mas não o é na Indonésia, onde violentos golpes de Estado são uma sangrenta tradição. E ser funcionário público, o sonho dourado de tantos brasileiros, pode ser bom aqui, mas não na Somália, país tribal onde a idéia de um Estado central é mais do que nebulosa.
Cada profissão tem seu purgatório, ou seu inferno, em algum setor do mapa-múndi. Ser jornalista, segundo a Time” é uma péssima escolha no Irã, cujo conceito de liberdade de expressão é ligeiramente distinto do que vigora em Manhattan. Ser um “net-head”, ou fanático por informática, também não é bom negócio na Coréia do Norte, onde a ditadura vê com imensa desconfiança até mesmo o uso do celular, quanto mais do PC e da Internet. Ser empresário em Cuba também não é uma boa opção; a Time vê essa perspectiva com os mesmos olhos sombrios com que considera o destino de quem é estudante em Burma ou uma minoria étnica nos Bálcãs. Não importa que grupo humano a gente considere, sempre haverá um lugar menos hospitaleiro do que qualquer outro. Bem que poderia haver um saite da ONU ou da UNESCO com um ranking permanente dos países de acordo com algumas centenas de critérios. Serviria para orientar os planos e as preferências de quem quer fazer turismo, procurar emprego ou conseguir bolsas de estudo.
Ah, ia me esquecendo. É péssimo ser uma árvore em Madagascar, ser um cobrador de impostos na China, e ser um adorador do sol na Grã-Bretanha. Acho que nem precisa explicar.
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