Charles Harness é escritor de ficção científica, autor de The Rose, The Ring of Ritornel e The Paradox Men. Numa entrevista à revista “Locus”, ele narra um episódio de sua vida que parece história inventada. Parece tanto que pretendo reinventá-lo um dia e colocá-lo num livro meu, mudando os nomes.
Aos 20 anos, Charles morava em Fort Worth, Texas, e trabalhava como estenógrafo num depósito de papel. O problema (mas seria mesmo um problema?) é que a fábrica ficava na “Rua Boa”, na zona do baixo meretrício de Fort Worth. Charles era de uma família religiosa, e afirma nunca ter recorrido aos serviços das profissionais da área: “Entrei casto e saí casto”.
Mesmo assim, todos os dias ele percorria a rua de ponta a ponta, e as garotas, sentadas no batente com a saia levantada até a cintura, assobiavam para ele.
O problema era que Charles conseguira uma bolsa de estudos no curso para pastor na Universidade Cristã do Texas, embora não se sentisse muito “vocacionado”. Mas a mãe dele sonhava em ver o filho fazendo sermões no púlpito. Na prova final, Charles inspirou-se na história de um velho que passava os dias numa cadeira de balanço diante de um cabaré.
Esse velho, muito conhecido na rua, tinha sido um empresário rico de Fort Worth que, ao ficar muito rico mesmo, foi para Wall Street e ficou mais rico ainda. Era amigo de uma cafetina da Rua Boa, e conseguiu dinheiro para que ela montasse vários cabarés ali e enriquecesse.
Veio o Crash da Bolsa em 1929, e o camarada perdeu tudo. Voltou para Fort Worth para retomar a vida de empresário, depois para procurar emprego onde fosse, e nada apareceu. Ele acabou na rua. A cafetina soube, mandou chamá-lo, e disse: “Fique morando aqui, a casa é sua.” E o ex-magnata de Wall Street aposentou-se como freguês perpétuo do cabaré! Eu chamo a isso a Mega-Sena da vida.
Charles achou a história instrutiva e, para sua prova final, compôs um sermão inspirado na Bíblia: “Lança o teu pão sobre as águas que passam; porque depois de muito tempo o acharás” (Eclesiastes, 11:1). Depois que fêz o sermão com toda eloquência, o professor disse: “Rapaz, você escreve bem, mas nunca será um pastor. Isso é lá exemplo que você dê, para atrair as pessoas para Cristo?” Rasgou o sermão e jogou os pedaços na cesta, e Charles perdeu a bolsa.
Anos depois, Charles estava trabalhando na polícia de Fort Worth, como escrivão. Cabia a ele fichar os delinquentes. E uma bela noite os policiais trazem à delegacia, quem? O professor da Universidade Cristã, que tinha sido flagrado numa situação equívoca com uns rapazinhos. Havia jornalistas lá fora esperando para fazer a notícia, pois o sujeito era conhecido na comunidade.
Charles pegou a ficha com as digitais e disse: “Eu lhe sou muito grato, porque meu negócio não é ser pastor, é escrever ficção científica.” Rasgou a ficha e jogou os pedaços na cesta. Lança o teu pão sobre as águas que passam; porque depois de muito tempo o acharás.
Aos 20 anos, Charles morava em Fort Worth, Texas, e trabalhava como estenógrafo num depósito de papel. O problema (mas seria mesmo um problema?) é que a fábrica ficava na “Rua Boa”, na zona do baixo meretrício de Fort Worth. Charles era de uma família religiosa, e afirma nunca ter recorrido aos serviços das profissionais da área: “Entrei casto e saí casto”.
Mesmo assim, todos os dias ele percorria a rua de ponta a ponta, e as garotas, sentadas no batente com a saia levantada até a cintura, assobiavam para ele.
O problema era que Charles conseguira uma bolsa de estudos no curso para pastor na Universidade Cristã do Texas, embora não se sentisse muito “vocacionado”. Mas a mãe dele sonhava em ver o filho fazendo sermões no púlpito. Na prova final, Charles inspirou-se na história de um velho que passava os dias numa cadeira de balanço diante de um cabaré.
Esse velho, muito conhecido na rua, tinha sido um empresário rico de Fort Worth que, ao ficar muito rico mesmo, foi para Wall Street e ficou mais rico ainda. Era amigo de uma cafetina da Rua Boa, e conseguiu dinheiro para que ela montasse vários cabarés ali e enriquecesse.
Veio o Crash da Bolsa em 1929, e o camarada perdeu tudo. Voltou para Fort Worth para retomar a vida de empresário, depois para procurar emprego onde fosse, e nada apareceu. Ele acabou na rua. A cafetina soube, mandou chamá-lo, e disse: “Fique morando aqui, a casa é sua.” E o ex-magnata de Wall Street aposentou-se como freguês perpétuo do cabaré! Eu chamo a isso a Mega-Sena da vida.
Charles achou a história instrutiva e, para sua prova final, compôs um sermão inspirado na Bíblia: “Lança o teu pão sobre as águas que passam; porque depois de muito tempo o acharás” (Eclesiastes, 11:1). Depois que fêz o sermão com toda eloquência, o professor disse: “Rapaz, você escreve bem, mas nunca será um pastor. Isso é lá exemplo que você dê, para atrair as pessoas para Cristo?” Rasgou o sermão e jogou os pedaços na cesta, e Charles perdeu a bolsa.
Anos depois, Charles estava trabalhando na polícia de Fort Worth, como escrivão. Cabia a ele fichar os delinquentes. E uma bela noite os policiais trazem à delegacia, quem? O professor da Universidade Cristã, que tinha sido flagrado numa situação equívoca com uns rapazinhos. Havia jornalistas lá fora esperando para fazer a notícia, pois o sujeito era conhecido na comunidade.
Charles pegou a ficha com as digitais e disse: “Eu lhe sou muito grato, porque meu negócio não é ser pastor, é escrever ficção científica.” Rasgou a ficha e jogou os pedaços na cesta. Lança o teu pão sobre as águas que passam; porque depois de muito tempo o acharás.
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